Como fica a segurança alimentar com o aquecimento global?

Perda de diversidade pode afetar obtenção de calorias e proteínas adequadas

Redação FamiliarIdades
O cultivo de algumas espécies fundamentais para a segurança alimentar está em risco. Foto: Getty Images.
O cultivo de algumas espécies fundamentais para a segurança alimentar está em risco. Foto: Getty Images.

Pesquisadores da Universidade de Aalto, na Finlândia, estimam que o aumento da temperatura do planeta em mais de 1,5 °C pode afetar gravemente a diversidade de culturas de plantio e a segurança alimentar mundial. 

“A perda de diversidade significa que a variedade de culturas alimentares disponíveis para cultivo pode diminuir significativamente em certas áreas. Isso reduziria a segurança alimentar e tornaria mais difícil obter calorias e proteínas adequadas”, diz a pesquisadora Sara Heikonen, responsável pelo estudo.

Vulnerabilidade em regiões de baixa latitude

Regiões de baixa latitude, como a África Subsaariana, são as mais vulneráveis, com até metade da produção agrícola em risco. A queda na diversidade de culturas de plantio nesses locais dificultaria o acesso às calorias e proteínas adequadas para a população. 

“As raízes tropicais, como o inhame, que são essenciais para a segurança alimentar em regiões de baixa renda, bem como cereais e leguminosas, são particularmente vulneráveis. Na África Subsaariana, a região mais afetada, quase três quartos da produção atual estão em risco se o aquecimento global exceder 3°C”, diz Sara.

O pesquisador Matti Kummu explica que “em muitas áreas de baixa latitude, especialmente na África, os rendimentos são baixos em comparação com áreas semelhantes em outras partes do mundo”. Esse cenário, segundo ele, poderia melhorar com acesso a fertilizantes e irrigação. 

“Contudo, o aquecimento global adiciona muita incerteza a essas estimativas e provavelmente ainda mais ações são necessárias, como seleção de culturas e novos melhoramentos”, afirma Kummu. 

Pragas e eventos climáticos extremos

A pesquisa sugere que as regiões de latitude média e alta, apesar de também sofrerem mudanças, poderão manter terras produtivas e até aumentar a diversidade de culturas. 

No entanto, o estudo ressalta que outros fatores, como novas pragas e eventos climáticos extremos, podem complicar a agricultura nesses locais do mundo.

“Mostramos que há potencial climático. Mas, por exemplo, o aquecimento pode trazer novas pragas e eventos climáticos extremos, que nosso modelo não inclui. Portanto, a situação não é tão preto no branco”, diz Kummu.

Proteção do sistema alimentar global

Os autores do estudo enfatizam a necessidade de reduzirmos as mudanças climáticas e nos adaptarmos aos seus efeitos para proteger o sistema alimentar global. Os pesquisadores afirmam que políticas e práticas agrícolas mais flexíveis e adaptativas são cruciais para enfrentar os desafios futuros.

“Se quisermos proteger nosso sistema alimentar no futuro, precisamos mitigar as mudanças climáticas e nos adaptar aos seus efeitos”, diz Sara. “Mesmo que as maiores mudanças sejam nas regiões equatoriais, todos sentiremos os efeitos através do sistema alimentar globalizado. Então, precisamos agir juntos para resolver esses problemas.”

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