Nanoplásticos perigosos são encontrados até no sangue

Entenda como essa ameaça invisível afeta corpo e meio ambiente

Redação FamiliarIdades
No nível molecular, nanoplásticos representam uma ameaça significativa ao meio ambiente e à saúde humana. Foto: Getty Images.
No nível molecular, nanoplásticos representam uma ameaça significativa ao meio ambiente e à saúde humana. Foto: Getty Images.

Os plásticos que usamos no dia a dia – como sacolas, garrafas, embalagens e canudos – podem parecer resistentes e duradouros. Mas, com o tempo, vão se quebrando em pedaços cada vez menores até se tornarem nanoplásticos.

Essas partículas são tão pequenas que não conseguimos ver nem com um microscópio comum. Contudo, apesar de serem invisíveis, elas podem ser muito perigosas para a saúde humana e o meio ambiente.

No nível molecular, os nanoplásticos representam uma ameaça significativa ao meio ambiente e à saúde humana. Afinal, com tamanhos inferiores a 100 nanômetros (menor que um vírus), conseguem atravessar barreiras biológicas e se acumular em tecidos vivos.

De grandes plásticos a nanoplásticos

Tudo começa com os plásticos, que contêm materiais chamados polímeros – cadeias longas de pequenas unidades chamadas monômeros. 

Essas cadeias são fortes. Mas, quando o plástico é exposto ao sol, ao calor, à chuva, ao vento ou até ao atrito (como quando é esfregado ou batido), ele começa a se desgastar. Bactérias e fungos também ajudam nesse processo, “comendo” partes da superfície do plástico e acelerando a decomposição.

Mas, à medida que essas quebras vão acontecendo, surgem pequenas partículas – os microplásticos – que, com o tempo e a ação contínua do ambiente, vão ficando ainda menores. Então, chegam ao nível dos nanoplásticos (mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo!).

O grande problema é que, por serem tão pequenos, os nanoplásticos conseguem entrar nos organismos vivos com facilidade — seja em peixes, animais ou até em seres humanos. Eles podem atravessar barreiras do nosso corpo, como a pele ou até mesmo o cérebro, causando danos nas células, inflamações e outros problemas de saúde. Também podem se juntar a substâncias tóxicas do ambiente e carregá-las para dentro do corpo dos seres vivos.

Praticamente todos os ambientes, como o sangue humano ou a neve na Antártida, contêm nanoplásticos atualmente. Consequentemente, há impactos negativos, como interrupção celular ou até alteração de DNA.

Como os nanoplásticos são liberados?

Para tornar os plásticos flexíveis e fortes, eles são, em sua maioria (75 a 80%), formados por camadas duras intercaladas por camadas moles de partículas infinitamente minúsculas. Essas partículas são polímeros cristalinos que compõem as camadas duras e semi cristalinos que compõem as camadas moles. 

Pesquisadores da Universidade de Columbia, nos EUA, identificaram que os nanoplásticos se formam devido à degradação de camadas macias presentes nos polímeros semicristalinos, que enfraquecem com o tempo e podem quebrar, mesmo sem estresse externo. 

Quando as camadas moles se degradam, as camadas duras ficam expostas e se fragmentam em nanoplásticos persistentes. Por sua vez, os nanoplásticos persistentes podem permanecer no ambiente por séculos e, assim, causar danos aos seres vivos e ao ambiente.

Devido ao seu tamanho nanométrico, podem interagir facilmente com metais pesados, poluentes orgânicos persistentes e até proteínas e membranas celulares. Em decorrência disso, sua entrada em organismos vivos é facilitada. 

Uma vez no corpo, podem atravessar barreiras biológicas, como a barreira hematoencefálica e a placenta, com potencial de causar estresse oxidativo, inflamação e danos celulares.

Portanto, o processo molecular de formação dos nanos plásticos não é apenas uma simples fragmentação física, mas um fenômeno que envolve reações químicas complexas, guiadas por condições ambientais e propriedades intrínsecas dos polímeros. Compreender esse processo é fundamental para desenvolver estratégias de redução, regulamentação do uso e descarte correto de plásticos.

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