
Os fungos e as bactérias desempenham papéis essenciais nos ciclos biogeoquímicos – processos que ajudam a definir, entre outras coisas, o clima e a composição da atmosfera.
Um estudo da Universidade de Lund, na Suécia, mostra que, além de serem altamente adaptáveis às mudanças climáticas, eles também contribuem significativamente para a desaceleração do aquecimento global.
Isso é uma notícia fantástica. Esses microrganismos permitem o armazenamento de carbono no solo. Consequentemente, diminuem o impacto do efeito estufa.
Ciclagem do carbono
No solo, fungos e bactérias são responsáveis pela decomposição da matéria orgânica. Assim, transformam resíduos vegetais e animais em nutrientes essenciais para as plantas.
Esse processo não só recicla o carbono, mas também favorece a formação de matéria orgânica estável no solo, que pode permanecer armazenada por longos períodos.
Esse armazenamento, conhecido como sequestro de carbono, é fundamental para reduzir a quantidade de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera. Consequentemente, ajuda a mitigar o aquecimento global.
Formação e manutenção de solos saudáveis
A atividade microbiana enriquece os solos, pois melhora sua estrutura e fertilidade. Solos saudáveis possuem maior capacidade de reter carbono e água. Isso promove a resiliência dos ecossistemas frente às mudanças climáticas.
Fungos micorrízicos, por exemplo, formam associações simbióticas com as raízes das plantas. Dessa maneira, facilitam a absorção de nutrientes. Simultaneamente, contribuem para o acúmulo de carbono no solo.
Já as bactérias desempenham funções variadas, desde a fixação de nitrogênio até a decomposição de compostos orgânicos complexos. Essas atividades, coletivamente, ajudam a manter o equilíbrio do ciclo do carbono.
Fungos e bactérias se adaptam às mudanças de temperatura
O estudo mostrou que esses microrganismos se adaptam ao clima local e às mudanças de temperatura, com diferentes sensibilidades entre bactérias e fungos. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores coletaram amostras de solo de toda a Europa, em temperaturas que variaram de -3,1ºC a 18,3ºC.
Além disso, a equipe descobriu que bactérias e fungos possuem sensibilidades diferentes às mudanças climáticas. Enquanto as bactérias são mais sensíveis às variações de temperatura, os fungos demonstraram maior resistência.
Impacto no balanço de carbono
Os microrganismos afetam diretamente o balanço de carbono entre o solo e a atmosfera. A sensibilidade deles ao crescimento e à respiração em diferentes temperaturas desempenha um papel vital na forma como o solo armazena ou liberação do carbono, o que influencia as emissões de carbono para a atmosfera.
“O resultado dessas sensibilidades variadas ao crescimento e à respiração em diferentes temperaturas, e entre bactérias e fungos, afetará o balanço de carbono entre o solo e a atmosfera e, portanto, o feedback do solo sobre o aquecimento climático”, disse a pesquisadora Carla Cruz Paredes, da Universidade de Lund.
Implicações para os modelos climáticos
O estudo reforça a importância de incluir essas respostas microbianas em modelos climáticos, já que os microrganismos desempenham um papel crucial na regulação do carbono e na resposta climática.
“O aquecimento climático é uma das maiores ameaças ao nosso meio ambiente. Para mitigar o aquecimento global, é necessário aumentar a capacidade do solo de armazenar ou sequestrar carbono e reduzir as emissões de carbono na atmosfera. Este estudo é um passo à frente para fornecer melhores previsões para as avaliações do painel climático da ONU”, afirmou Carla.