Um estudo feito por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade de Bristol, no Reino Unido, mostrou que áreas verdes recuperadas são fundamentais para a absorção do carbono. Especialmente nas três maiores florestas do mundo: Amazônia, Congo e Bornéu.
Segundo o estudo, publicado na revista Nature, as regiões em recuperação removem pelo menos 107 milhões de toneladas de carbono da atmosfera por ano. Além disso, compensam 26% das emissões brutas provocadas pelo desmatamento e pela degradação das ações do homem.
Importância das florestas tropicais
As florestas tropicais são fundamentais para reduzir os impactos das mudanças climáticas. Assim como os oceanos e solos. Elas absorvem o carbono quando crescem. Em contrapartida, liberam gases de efeito estufa se degradadas ou desmatadas.
“Os resultados da pesquisa têm importância tanto para inventários nacionais de emissão de carbono apresentados às Nações Unidas como para o grande potencial do Brasil de atrair recursos”, disse à Agência FAPESP o chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG) do Inpe, Luiz Eduardo Oliveira e Cruz de Aragão, coautor do artigo.
Para evitar que a atmosfera global aqueça mais do que 2°C, e não ultrapasse 1,5°C em relação ao período pré-industrial, as emissões de carbono precisam cair ao menos 45% até 2030. E chegar a zero em 2050.
Mas os dados mostram o crescimento das emissões em todo o mundo, segundo o relatório Emissões de CO2 em 2022, da Agência Internacional de Energia.
“Nosso estudo fornece as primeiras estimativas pantropicais de absorção de carbono acima do solo em florestas em recuperação de degradação e desmatamento. Embora continue sendo prioridade proteger as florestas tropicais antigas, demonstramos o valor de gerenciar de forma sustentável as áreas que podem se recuperar”, afirmou à assessoria da Universidade de Bristol a pesquisadora Viola Heinrich, coautora do artigo e orientanda de Aragão.
A Amazônia tem o potencial de acumular 19 milhões de toneladas de carbono por ano até 2030, contribuindo com 5,5% para a meta de redução de emissões do Brasil. Mas, sem incêndios e desmatamento, a contribuição poderia ser 8% maior.