Curiosidade pode diminuir o risco de Alzheimer

Interesse por novas ideias é um grande aliado da saúde mental ao logo dos anos

Redação FamiliarIdades
Curiosidade pode manter nossa saúde mental ao longo dos anos. Foto: Getty Images.
Curiosidade pode manter nossa saúde mental ao longo dos anos. Foto: Getty Images.

Envelhecer não significa estagnar. Pelo contrário: muitas pessoas descobrem que, com o passar dos anos, a curiosidade não apenas persiste, mas pode se aprofundar e se tornar mais refinada. Estudos mostram que manter a mente curiosa está associado a melhores funções cognitivas, menor risco de demência, assim como maior sensação de bem-estar. 

Uma pesquisa da Universidade da Califórnia – Los Angeles (UCLA), nos EUA, por exemplo, demonstrou que adultos mais velhos que mantêm o desejo de aprender coisas novas podem reduzir o risco de desenvolver Alzheimer.

“A literatura de psicologia mostra que, muitas vezes, o que é conhecido como ‘curiosidade traço’, ou o nível geral de curiosidade de uma pessoa, tende a diminuir com a idade”, explicou o psicólogo da UCLA Alan Castel. Mas ele diz que viu o contrário: engajamento e interesse de idosos em aprender sobre memória e outros temas. 

‘Curiosidade traço’ e ‘ estado’

Os pesquisadores diferenciam os dois tipos:

  • Curiosidade traço. É um traço de personalidade, estável ao longo da vida. Algumas pessoas são naturalmente mais curiosas do que outras, sempre buscando aprender e explorar novos assuntos, enquanto outras contentam-se em aceitar as coisas como se apresentam. Contudo, essa forma de curiosidade tende a diminuir com a idade.
  • Curiosidade estado. Representa um interesse momentâneo por um tópico específico. Por exemplo: quando alguém ouve uma pergunta intrigante e sente vontade imediata de saber a resposta. Esse tipo de curiosidade pode começar a aumentar após a meia-idade. 

Enquanto a ‘curiosidade traço’ tende a diminuir com a idade, a ‘curiosidade estado’ pode crescer após a meia-idade. Assim, os pesquisadores sugerem que manter a ‘curiosidade estado’ pode ser benéfico para a memória e cognição ao longo da vida.

Medindo o interesse

Os pesquisadores recrutaram voluntários entre 20 e 84 anos, com idade média de 44 anos, para preencher um questionário online que avaliava o nível geral de cada pessoa.

Para medir a ‘curiosidade estado’, os pesquisadores pediram aos participantes que adivinhassem respostas para perguntas triviais difíceis. Em seguida, avaliaram o quão interessados estavam em saber a resposta correta antes de revelá-la. 

A análise dos dados mostrou que a ‘curiosidade traço’ tende a diminuir ao longo da vida adulta, enquanto a ‘estado’ aumenta após a meia-idade e continua crescendo na velhice. 

Os pesquisadores sugerem que esse aumento pode estar relacionado à redução de estressores da vida adulta. Estar livre de problemas com os filhos ou o emprego, por exemplo, permite que as pessoas se concentrem mais em interesses específicos.

“Nossas descobertas se encaixam em alguns dos meus trabalhos sobre a teoria da seletividade, que diz que, à medida que envelhecemos, não queremos parar de aprender. Somos apenas mais seletivos sobre o que queremos aprender”, disse Castel. 

“Você vê isso no contexto da aprendizagem ao longo da vida: muitos adultos mais velhos voltam às aulas, aprendendo hobbies ou se envolvendo na observação de pássaros. Acho que isso mostra que esse nível de curiosidade, se mantido, pode realmente nos manter afiados à medida que envelhecemos.”

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