Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostraram que a mente pode ter uma influência considerável em nosso corpo. Para chegar a essa conclusão, eles observaram o processo de cicatrização de voluntários submetidos a uma terapia que provoca hematomas – neste caso, no braço. Enquanto isso, manipularam a noção de tempo dos participantes do estudo.
A equipe simulou três cenários diferentes, modificando as horas do relógio: tempo lento (metade da velocidade do relógio), tempo normal (hora do relógio) e tempo rápido (duas vezes mais rápido que a hora do relógio). O tempo real decorrido foi de 28 minutos. Mas os participantes foram levados a acreditar que a sessão durou 14 minutos ou 56 minutos.
Depois, observadores imparciais compararam as fotos de antes e depois das marcas nos braços dos voluntários. Assim, eles avaliaram a cicatrização em uma escala de 10 pontos (10 para estados de completa cicatrização).
A equipe observou taxas de cura mais altas (7,5) entre as pessoas que acreditavam ter passado mais tempo na sessão após a ocorrência do hematoma. Ou seja, no cenário de 56 minutos. Em comparação, voluntários da condição de 14 minutos tiveram uma média de 6,17.
“Um pouco mais de um terço dos participantes haviam quase completamente cicatrizado na condição de 56 minutos – mais que o dobro da porcentagem de participantes que haviam quase completamente cicatrizado na condição de 14 minutos”, observaram os pesquisadores.
“Estes resultados apoiam a hipótese de que o efeito do tempo na cura física é diretamente afetado pela experiência psicológica do tempo, independente do tempo real decorrido.”
Experiência psicológica do tempo na cura
Este, contudo, não foi o primeiro estudo a demonstrar como a nossa percepção de tempo afeta o organismo. Outro trabalho, publicado em 2016, demonstrou que níveis de glicose no sangue de diabéticos tipo 2 flutuavam conforme a percepção de tempo decorrido.
Da mesma forma, em 2020, pesquisadores demonstraram que pessoas que achavam ter dormido oito horas – quando, na verdade, haviam dormido só seis -, apresentaram desempenho melhor em testes cognitivos.