Cientistas de 27 países, incluindo o Brasil, mapearam o DNA de 9,5 mil espécies angiospermas, plantas capazes de produzir flores e frutos, e conseguiram construir uma árvore genealógica que inclui até vegetais considerados extintos.
Com isso, pesquisadores contam com 15 vezes mais dados em comparação a qualquer outro estudo similar já feito nessa área. O mais bacana é que os dados serão compartilhados de forma aberta e livre para a população e a comunidade científica com o objetivo de democratizar o conhecimento.
A chamada “árvore da vida” vai ajudar a identificar novas espécies, a classificar as plantas e a descobrir novos compostos medicinais. Mais do que isso, também vai colaborar para conservar as espécies diante das mudanças climáticas.
DNA de planta extinta
Para chegar a esse resultado, a equipe usou uma tecnologia que separa o DNA através de magnetismo, um método também utilizado em pesquisas com animais extintos, como os mamutes, por exemplo.
“Uma das vantagens da abordagem técnica molecular usada pela equipe é que ela permite que uma ampla diversidade de material vegetal, antigo e novo, seja sequenciado, mesmo quando o DNA foi extraído de amostra de planta coletada há um ou dois séculos, e esteja muito danificado”, afirmou José Rubens Pirani, professor e pesquisador do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências (IB) da USP, em entrevista ao jornal da universidade.
Segundo Pirani, isso possibilitou acessar muitas coleções antigas depositadas nos herbários, os museus botânicos.
Joias naturais extintas
Entre as plantas que foram analisadas e sequenciadas, estavam a de uma Arenaria globiflora coletada há aproximadamente 200 anos no Nepal, e de plantas extintas, como a Hesperelaea palmeri, que não é encontrada desde 1875.
Os pesquisadores também sequenciaram os DNAs de 511 espécies que integram a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A pesquisa foi produzida por cientistas do Royal Botanic Garden, Kew, publicada na revista Nature, e contou com a participação de 279 cientistas de todo o mundo. No total, 16 pesquisadores brasileiros participaram do estudo.