Cada vez mais, consumimos conteúdos em celulares, tablets e computadores. Embora esses aparelhos ofereçam acesso a uma infinidade de conteúdos e diversas maneiras de conectar pessoas, estamos, aos poucos, nos distanciando da realidade.
Além disso, muitas informações disparadas por esses dispositivos afetam a saúde física e mental. Por isso, pais e educadores já se perguntam: o uso indiscriminado das telinhas pode afetar o desenvolvimento físico e psíquico das crianças e jovens?
Tempo de tela x bem-estar de crianças e adolescentes
Pesquisadores do Reino Unido fizeram uma revisão sistemática de vários estudos sobre os efeitos do tempo de tela gasto por crianças e adolescentes. Eles publicaram um artigo a esse respeito na National Library of Medicine.
Segundo a equipe, há evidências de que:
- Muito tempo de tela de crianças e jovens está associado a obesidade, alimentação não saudável, sintomas depressivos e piora na qualidade de vida.
- Os efeitos negativos incluem irritabilidade, mau humor e baixo desenvolvimento cognitivo e socioemocional. Consequentemente, há um baixo desempenho educacional.
Mais: o uso indiscriminado de telas pode acarretar problemas de visão, como miopia e possíveis riscos à retina relacionados à exposição à luz azul.
Teor do que se consome nas telas
Porém, o mais preocupante ainda está relacionado ao conteúdo que as crianças e adolescentes podem acessar. Por exemplo: pornografia, violência extrema, pedofilia ou recrutamento.
Além disso, a disseminação massiva de certos estereótipos e preconceitos relacionados a sexualidade, raças e convivência, entre outros, pode afetar os usuários e a sociedade como um todo.
Conexão das crianças brasileiras
A última pesquisa TIC Kids Online, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, publicada em 2023, mostrou que, das crianças e adolescentes entre nove e 17 anos, 92% eram usuários de internet em 2022. O smartphone era o dispositivo mais utilizado.
Apesar de ressaltar a necessidade de inclusão digital com fins educacionais, o levantamento também apresentou uma série de ressalvas quanto à proteção de dados e teor de conteúdos prejudiciais aos jovens.
Ciente dos danos que a exposição prolongada às telas pode causar, a Sociedade Brasileira de Pediatria publicou algumas recomendações para os pais e responsáveis:
- Menores de 2 anos de idade não devem ser expostos a telas;
- Crianças entre 2 e 5 anos devem ter o tempo de tela limitado a, no máximo, uma hora por dia;
- Crianças entre 6 e 10 anos devem utilizar telas por uma a duas horas diárias, no máximo,
- Crianças maiores e adolescentes, entre 11 e 18 anos, não devem ultrapassar o tempo limite de três horas de tela por dia, incluindo o uso de videogames.