Se esforçar para estar sempre feliz e ignorar os sentimentos negativos pode prejudicar o bem-estar. A chamada “felicidade tóxica” foi amplificada pelas redes sociais e as pessoas passaram a se cobrar mais para terem vidas perfeitas, sem sofrimento ou tristeza.
Uma pesquisa realizada em 40 países e publicada na revista científica Nature mostra que a pressão social para ser feliz está associada a uma queda do bem-estar individual, especialmente nos países com índices elevados de felicidade coletiva.
É comum também quando expressamos os nossos sentimentos negativos escutar as pessoas dizendo que vai ficar tudo bem ou outro tipo de frase positiva, como se um determinado sofrimento fosse uma escolha.
“As pessoas começam a se culpabilizar e culpabilizar o outro por algo completamente natural, que é sentir. Além disso, começam a se questionar: ‘E se eu vivesse como fulano?’. Nós somos uma espécie social, e as emoções, inclusive as negativas, têm uma função. A tristeza, por exemplo, sinaliza que algo não vai bem e que talvez precisemos de ajuda ou de um tempo para refletirmos melhor sobre aquele momento”, afirmou o psicólogo Daniel Gontijo, em entrevista ao Estadão.
A promoção da felicidade tóxica também pode vir de figuras consideradas “gurus“ na internet, que prometem uma vida feliz e resultados sempre positivos. Esse comportamento também é prejudicial, já que, na maioria das vezes, as expectativas são inalcançáveis.
“Há muita pseudociência e mitos perigosos disseminados na internet. Essas pessoas se colocam como gurus, prometendo uma felicidade inabalável, riqueza, sucesso profissional, mas não mostram suas fragilidades por trás das câmeras”, destacou Gontijo.
Para viver melhor, aceite as emoções consideradas “ruins” e busque compreender o sentimento. Agora, se esses sentimentos estiverem prejudicando o dia a dia, os relacionamentos ou o trabalho, busque ajuda profissional.