
O aprendizado de música nas escolas tem ganhado cada vez mais espaço nos debates educacionais. Não apenas como um componente artístico, mas como uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos alunos.
Em um cenário educacional que busca formar cidadãos completos e preparados para os desafios do século 21, a música surge como aliada essencial no processo de ensino-aprendizagem.
Segundo especialistas em Pedagogia e Neurociência, o contato com a música estimula áreas do cérebro ligadas à memória, concentração, linguagem e criatividade.
Para crianças em idade escolar, tocar um instrumento, cantar em coral ou simplesmente aprender sobre ritmos e estilos musicais pode significar mais do que adquirir uma habilidade artística: é uma maneira de desenvolver competências que refletem diretamente no desempenho escolar.
Nas escolas públicas e particulares que investem no ensino musical, os resultados são visíveis. Professores relatam melhora na disciplina, na autoestima e no relacionamento interpessoal dos alunos.
Em entrevista publicada no YouTube, a professora de Licenciatura em Música na Universidade Federal de Alagoas, Ziliane Teixeira, falou sobre os benefícios da disciplina.
“A primeira coisa que a gente precisa entender é que o ensino de música na escola não necessariamente é para formar músicos. Até pode, se alguém a partir dali tiver interesse em se tornar músico, mas esse não é o objetivo principal”, afirmou.
Mas, apesar dos benefícios comprovados, o ensino de música ainda enfrenta alguns obstáculos. Por exemplo: falta de estrutura, ausência de professores especializados e baixo investimento em educação artística.
A Lei nº 11.769/2008, que tornou obrigatório o ensino de música na educação básica, ainda encontra dificuldades em sua implementação plena, especialmente nas regiões mais carentes do País.
Desafios para a implementação da música nas escolas
Os principais desafios para incluir o ensino musical na agenda das escolas brasileiras são:
- Falta de formação específica. Muitos professores não possuem formação adequada em educação musical, o que dificulta a aplicação eficaz da disciplina.
- Infraestrutura inadequada. Muitas escolas não têm instrumentos musicais, espaços apropriados ou materiais didáticos suficientes.
- Baixa valorização da música na educação. Apesar da obrigatoriedade do ensino de música na educação básica, a disciplina ainda é vista como secundária e recebe menos atenção em comparação com outras matérias.
- Carga horária reduzida. O tempo dedicado ao ensino musical nos currículos escolares é limitado, fato que dificulta um aprendizado mais aprofundado.
- Falta de políticas públicas eficazes. Apesar da existência de leis que exigem o ensino de música, a implementação prática ainda enfrenta obstáculos devido à falta de investimentos e incentivos governamentais.
Segundo a Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), há iniciativas e propostas para fortalecer o ensino musical, como programas de formação de professores e projetos que buscam integrar a música ao cotidiano escolar.
Além disso, iniciativas pontuais, como projetos de orquestras escolares, corais e parcerias com instituições culturais, têm mostrado que é possível levar a música a mais alunos, mesmo diante de recursos limitados.
Para os educadores, o caminho está em tratar a música não como um luxo, mas como parte integrante de uma educação de qualidade.
Enquanto escolas, gestores e comunidades educacionais se mobilizam para fortalecer o ensino musical, os estudantes seguem afinando não só instrumentos, mas também habilidades que farão diferença por toda a vida. Afinal, como diz a expressão, a “música é o coração do povo”. E esse coração precisa pulsar, também, nas salas de aula.