Multilinguismo: vários idiomas pode ajudar no desenvolvimento infantil

Crianças que falam mais do que uma língua compreendem melhor o mundo

Redação FamiliarIdades
Além de ajudar na escola, o multilinguismo pode fortalecer os laços familiares em comunidades onde diferentes gerações falam idiomas distintos. Foto: Getty Images.
Além de ajudar na escola, o multilinguismo pode fortalecer os laços familiares em comunidades onde diferentes gerações falam idiomas distintos. Foto: Getty Images.

O multilinguismo é a capacidade de uma pessoa se comunicar em dois ou mais idiomas. No caso das crianças, essa habilidade traz inúmeros benefícios cognitivos, sociais e culturais. 

Diferentemente do que se pensava no passado, aprender mais de um idioma desde cedo não causa confusão mental. Mas, ao contrário, fortalece habilidades e amplia as oportunidades de comunicação e compreensão do mundo.

Benefícios cognitivos do multilinguismo

Crianças bilíngues ou multilíngues costumam desenvolver maior flexibilidade cognitiva. Ou seja: a capacidade de alternar entre diferentes tarefas e perspectivas com mais facilidade.

Isso acontece porque, ao lidar com dois ou mais idiomas, o cérebro precisa constantemente escolher a língua apropriada para cada contexto, fato que exercita a atenção e a memória.

Além disso, estudos indicam que crianças multilíngues podem ter um desempenho superior em habilidades como resolução de problemas, tomada de decisão e criatividade.

Impacto na comunicação e na cultura

O contato com diferentes línguas também proporciona uma visão mais ampla sobre diferentes culturas. Com isso, aumenta a empatia e a compreensão intercultural. 

Crianças que falam mais de um idioma conseguem interagir com um número maior de pessoas. Além do mais, elas têm mais facilidade para aprender outras línguas no futuro. 

Da mesma maneira, o multilinguismo pode fortalecer os laços familiares em comunidades onde diferentes gerações falam idiomas distintos. E, assim, preservar a identidade cultural.

Gana: exemplo de sociedade multilíngue

Gana é um país africano multilíngue. Por causa disso, sua capital, Acra, foi alvo de um estudo de psicolinguistas da Universidade de Potsdam, na Alemanha. Esse trabalho revelou como os bebês ganenses crescem em um ambiente multilíngue.

Os bebês são expostos a vários idiomas ao mesmo tempo (de duas a seis línguas) desde muito cedo. Isso ocorre principalmente por meio do contato direto com cuidadores, como familiares e vizinhos, ou indiretamente, através da mídia, como rádio e televisão.

A pesquisa demonstrou que a diversidade de cuidadores e formas de interação contribui significativamente para a aquisição da linguagem. Dessa forma, o multilinguismo em Gana é parte essencial da identidade e do cotidiano das crianças.

“A ideia de que uma criança aprende apenas uma língua específica de um único cuidador, como é frequentemente assumida nas culturas ocidentais, não se aplica a essas comunidades. Em vez disso, as crianças são cercadas por um rico espectro de informações linguísticas desde o início”, afirmou o pesquisador Paul O. Omaneda.

“A maioria dos estudos sobre a aquisição da linguagem infantil foi realizada em países industrializados ocidentais. E é por isso que eles geralmente se concentram em uma concepção bastante estreita de multilinguismo”, disse a pesquisadora Natalie Boll-Avetisyan. “Nossa pesquisa demonstra que outras sociedades mostram um ambiente multilíngue muito mais vibrante.”

Desafios e como superá-los

Embora os benefícios sejam muitos, o aprendizado simultâneo de várias línguas pode apresentar desafios. Por exemplo: períodos temporários de menor fluência em um dos idiomas ou a influência de uma língua sobre a outra. 

No entanto, com exposição consistente, estímulo e paciência, as crianças conseguem desenvolver todas as línguas de maneira equilibrada. Estratégias como a utilização de cada idioma em contextos específicos (um idioma falado em casa e outro na escola) podem facilitar esse processo.

Criar crianças multilíngues é um investimento para o futuro. Além dos benefícios intelectuais, elas terão maior facilidade de comunicação, um leque mais amplo de oportunidades acadêmicas e profissionais e uma visão de mundo enriquecida pela diversidade cultural. 

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