Mulheres na arte ainda lutam contra invisibilidade e exclusão

Entre 2008 e 2019, 2% das aquisições de museus nos EUA foram de obras femininas

Redação FamiliarIdades
Por séculos, a arte foi dominada por homens, enquanto mulheres e outros grupos marginalizados enfrentaram exclusão ou invisibilidade. Foto: Getty Images.
Por séculos, a arte foi dominada por homens, enquanto mulheres e outros grupos marginalizados enfrentaram exclusão ou invisibilidade. Foto: Getty Images.

Por séculos, a arte foi dominada por homens, enquanto mulheres e outros grupos marginalizados enfrentaram exclusão ou invisibilidade. Esse cenário começou a mudar apenas no século 20, com o fortalecimento dos movimentos feministas e antirracistas, que abriram espaço para o reconhecimento de vozes e perspectivas antes ignoradas. Ainda assim, as desigualdades persistem.

Estudos recentes mostram que as artistas mulheres continuam a receber menos destaque em grandes galerias e leilões. Um relatório de 2019 do Artnet News, por exemplo, revelou que, entre 2008 e 2019, apenas 2% das aquisições de grandes museus nos Estados Unidos foram de obras criadas por mulheres. 

Essa estatística alarmante evidencia um padrão histórico de exclusão que ainda precisa ser enfrentado.

“Não acho que as pessoas estejam conscientes do preconceito; elas simplesmente o aceitam”, afirmou Mary Sabbatino, sócia da Galerie Lelong, ao site da Artnet. Segundo ela, a resistência e o preconceito, muitas vezes inconscientes, são desafios recorrentes no universo das artes. 

Mary disse que, trabalhando tanto tempo nessa área, parece bastante comum encontrar resistência. “Não me desencoraja ouvir misoginia ou desrespeito inconsciente. Pelo contrário, há uma profunda satisfação quando um artista pouco reconhecido ocupa o centro do palco. Não há vingança como o sucesso”, afirma.

Arte como reflexo das dinâmicas de poder

Essa desigualdade no reconhecimento das mulheres e de outros grupos marginalizados no campo artístico reflete as dinâmicas de poder e preconceito profundamente enraizadas na sociedade. 

A arte, em sua riqueza e diversidade, é um espelho dessas questões. Mas, ao mesmo tempo em que carrega o peso das tradições, ela também possui o potencial transformador de desafiar estruturas opressoras.

Historicamente, ela desempenhou um papel fundamental na construção de identidades culturais e na preservação de memórias coletivas. Desde as pinturas rupestres nas cavernas até as instalações contemporâneas de arte digital, evoluiu acompanhando as transformações tecnológicas, sociais e ideológicas de cada época. Em muitos casos, foi a partir de tensões sociais que ela despontou como uma ferramenta poderosa para questionar preconceitos e estimular mudanças.

Por esse motivo, é um espaço que carrega tanto as marcas das desigualdades quanto a promessa de transformação. Afinal, ele tem o poder de não apenas refletir as dinâmicas sociais, mas também de atuar como uma plataforma para novas narrativas e perspectivas.

Como potencializar a inclusão feminina na arte?

Algumas práticas podem ajudar a reforçar o papel da arte na derrubada de preconceitos e desigualdades contra as mulheres. Veja a seguir:

  • Adoção de políticas institucionais mais inclusivas. Museus e galerias podem implementar programas que priorizem a aquisição e exposição de obras de artistas mulheres. Assim, garantir maior visibilidade e reconhecimento.
  • Promoção de feiras e eventos dedicados. A organização de feiras de arte focadas exclusivamente em artistas femininas pode servir como plataforma para destacar e valorizar suas obras. Um exemplo recente é a iniciativa inglesa Women in Art Fair, que busca reverter séculos de desequilíbrio de gênero no mundo das artes, oferecendo uma plataforma dedicada a artistas mulheres.

Engajamento de colecionadores e investidores. Incentivar colecionadores a adquirirem obras de artistas femininas pode equilibrar a disparidade no mercado de arte. A conscientização sobre a importância de apoiar a diversidade artística é fundamental para promover mudanças significativas.

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