A família vai aumentar em breve e o seu filho ganhará um irmãozinho. Embora este seja um momento de alegria, a preocupação com o primogênito pode aumentar diante da esperada mudança de rotina. Afinal, o novo bebê precisará de mais cuidados e atenção dos pais após o nascimento.
A palavra-chave para lidar com o novo cenário é o diálogo. Independentemente da idade da criança, é importante que ela esteja inserida em todos os processos para que se habitue à nova realidade da família. Assim, não sofrerá grandes impactos que possam ser associados à chegada do irmãozinho.
Conversa
A psicóloga Priscila Ribeiro Manzoli, mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), explica que os pais devem contar tudo o que vai acontecer para os filhos desde o início da gestação.
“Essa conversa será diferente de acordo com a idade. As crianças menores não terão uma compreensão completa sobre isso”, afirma. “Mas os pais podem falar sobre a chegada do bebê, mostrar imagens, deixar que participem da escolha de roupas ou da decoração do quarto.”
A conversa com filhos mais velhos pode ser mais aprofundada. “O processo é o mesmo: fazer a criança se sentir parte do momento”, explica Priscila. “É comum também que elas perguntem quando o bebê vai nascer, como sairá da barriga, e o papel dos pais é explicar essas etapas.”
Além disso, uma das principais preocupações é a ausência durante o parto: pai e mãe fora de casa, e o filho sob os cuidados de familiares ou alguém próximo. Segundo a psicóloga, uma boa forma de lidar com essa situação é contar o que vai acontecer como se fosse uma história. Assim, explicar quantos dias vai durar o afastamento. Ou, até mesmo, fazer um calendário.
“Claro, podem existir intercorrências, mas os pais sabem quanto tempo vai durar esse período. É importante que a criança se sinta segura. Por isso, criar essa dinâmica de contar uma história e falar sobre quem será a pessoa que ficará com ela nesse período torna tudo mais simples”, afirma.
Ciúme
Agora que o irmãozinho nasceu, é hora de lidar com a nova realidade da família. Então, recomenda-se que as mães reservem um tempo para os filhos mais velhos nesses primeiros meses de adaptação. Contudo, para isso dar certo, todos da família devem ajudar.
“Algumas atividades podem ser feitas por outros membros da família, como trocar a fralda, e a mãe pode aproveitar para dar banho no mais velho, colocar para dormir ou brincar”, diz a psicóloga. “Tente manter uma rotina semelhante. Não promova mudanças bruscas, como matricular a criança na creche após a chegada do bebê.”
Caso haja alteração significativa no dia a dia, a criança pode achar que precisa sair de cena. Para evitar esse sentimento, inclua os filhos mais velhos, se eles quiserem, nos cuidados diários ou atividades com o novo membro da família.
É normal, nesse período, que algumas crianças sintam ciúmes e tenham alguns comportamentos que as pessoas chamam de regressão, como deixar de ir ao banheiro ou comer sozinho. Os pais devem validar esse sentimento e aceitar. Isso vai ajudar o filho a lidar melhor com a situação.
“Os pais devem mediar e tentar estabelecer uma boa relação entre os irmãos”, afirma Priscila. “Aceitar esse sentimento como aparece é diferente de aceitar tudo o que a criança pode fazer. Converse. Fale que é natural, que você está percebendo a dificuldade naquele momento.”
A adaptação pode parecer um desafio. Mas, com o tempo, os filhos vão compreender as mudanças e passarão a curtir a chegada do irmão. Aquele novo ser será, no fim das contas, mais uma fonte de amor e amizade para todos da família.