Você já deve ter ouvido falar que alguém é a “raspa do tacho”. Ou seja, o último filho do casal. Muitas vezes, as pessoas associam um comportamento específico ao fato de alguém ser o primogênito de uma família. Mas, afinal, a ordem do nascimento interfere na personalidade dos irmãos?
Há mais de 100 anos cientistas tentam responder a essa questão. Alguns estudos já demonstraram que o relacionamento entre irmãos pode contribuir para o desenvolvimento da empatia e influenciar, por exemplo, a postura acadêmica ou a disposição para negócios. Mas a maioria das pesquisas mostra que a variação é muito tênue, principalmente em termos cognitivos.
Primogênito, ‘sanduíche’ e caçula
Segundo a psicóloga Gleice Rocco, embora seja possível identificar padrões, não se trata de uma regra absoluta. “A posição na família não determina completamente o curso da vida de alguém. Outros fatores, como personalidade própria, contexto social, educação e experiências individuais desempenham papéis significativos no desenvolvimento e nas escolhas”, diz.
Gleice afirma que “o papel do irmão mais velho muitas vezes está ligado à responsabilidade e liderança”, pois é o primeiro a enfrentar desafios e expectativas impostas pelos próprios pais. Assim, o chamado primogênito acaba criando um senso de organização e responsabilidade porque é visto como um modelo a ser seguido pelos irmãos mais novos.
Já o irmão do meio, segundo a psicóloga, “é frequentemente reconhecido por sua diplomacia, buscando a harmonia em conflitos familiares, tentando conciliar as relações. É uma posição que pode trazer desafios, como a necessidade de equilibrar ou anular suas próprias vontades com as expectativas familiares”, afirma a psicóloga.
“O irmão mais novo, muitas vezes, é protegido pelos mais velhos, que já passaram por desafios e dificuldades”, diz ela. “Isso pode criar um ambiente mais acolhedor e menos exigente para o caçula. Essa posição pode favorecer um lado mais extrovertido e criativo, com menos pressão para corresponder a padrões”. Em contrapartida, ele pode precisar de um “empurrãozinho” para agir em algumas situações.
Segundo a psicóloga, embora esses papéis possam ser observados em muitas famílias, cada pessoa é única. Dessa forma, uma combinação de diversos fatores pode moldar as trajetórias dos nossos filhos. Por esse motivo, o importante é que todos na casa contribuam para um ambiente saudável emocionalmente, que estimule o diálogo, a cooperação, bem como o desenvolvimento pleno de habilidades específicas.