Idosos que tratam a hipertensão com medicamentos têm menor risco de desenvolver demência. É isso que mostra uma análise de dados de 17 estudos populacionais envolvendo 34.519 participantes de 15 países.
A pesquisa, realizada pelo grupo Cosmic, que investiga fatores de risco e proteção relacionados ao envelhecimento cognitivo, aparece na revista Neurology.
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP participou com um estudo populacional e dados de pessoas acima dos 65 anos. Informações desse grupo mostram que 26,3% dos idosos hipertensos não recebiam tratamento.
Segundo Márcia Scazufca, pesquisadora do Instituto de Psiquiatria e coautora do estudo, a multimorbidade é um problema crescente que compromete a qualidade de vida. Além do mais, aumenta a mortalidade precoce.
“A hipertensão arterial sistêmica ou ‘pressão alta’, além de ser a doença crônica mais prevalente entre adultos e idosos, é o fator de risco modificável mais importante para outras comorbidades como distúrbios cardiovasculares e demência”, afirmou a pesquisadora em entrevista ao Jornal da USP.
Hipertensão e demência
Os dados mostram que os hipertensos não tratados têm 42% mais risco de desenvolver demência em comparação aos tratados. Essa relação foi observada em idosos de qualquer idade a partir dos 60 anos.
A demência é uma doença crônica progressiva sem cura e pode ser prevenida pela redução de fatores de risco. Por exemplo: hipertensão não tratada. Assim, os pesquisadores alertam sobre a importância da conscientização, bem como tratamento adequado.
A pesquisa, financiada pela Fapesp e pelo Wellcome Trust, conclui que tratar a hipertensão é uma estratégia eficaz para reduzir o risco de demência em qualquer etapa da vida.
Então, caso você tenha algum sintoma de hipertensão ou problema neurológico, consulte um médico. Afinal, apenas um profissional da saúde poderá fazer o diagnóstico correto e indicar o melhor tratamento.