
Nos cursos introdutórios de exatas (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), é comum que estudantes façam comparação com os colegas em relação ao tempo de estudo, facilidade de aprendizado e desempenho acadêmico. Mas isso pode ter efeitos negativos profundos.
A percepção de que ‘estou estudando muito mais que os outros e, mesmo assim, tenho mais dificuldade’ é uma fonte comum de frustração. Isso, segundo um estudo da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, impacta na confiança e no desempenho acadêmico.
“Alunos das aulas introdutórias de exatas precisam se concentrar em seu próprio trabalho, em vez de se compararem com os outros, e pensar em como seu trabalho árduo está conectado ao seu sucesso”, disse o pesquisador Hyewon Lee.
Estudo revela dois tipos de esforço acadêmico
Os pesquisadores examinaram 690 alunos de graduação matriculados em um curso introdutório de Química e mediram suas percepções de esforço ao longo do semestre. Eles identificaram dois tipos de esforço:
- Esforço comparativo. Ocorre quando os alunos acreditam que precisam trabalhar mais do que os colegas, o que pode levar à percepção de baixa capacidade científica.
- Esforço por critério. É quando o aluno reconhece que está se esforçando porque o conteúdo exige dedicação, sem se comparar com os outros.
Achados do estudo
- Impacto do esforço comparativo. Estudantes que acreditavam precisar estudar mais do que seus colegas tinham menor confiança em sua capacidade científica. Essa percepção negativa afetava tanto homens quanto mulheres.
“Se você está comparando seu esforço com os outros e sente que precisa trabalhar mais, isso pode significar que você deve compensar a falta de habilidade. Isso pode prejudicar seu autoconceito científico e dificultar o sucesso”, afirmou a pesquisadora Shirley L. Yu.
- Efeito positivo do esforço por critério. Mulheres que reconheciam seu próprio esforço sem se comparar aos outros demonstraram maior confiança e melhor desempenho acadêmico.
“O esforço de critério é essencialmente a crença de que você trabalha duro para aprender – porque esse esforço é necessário para entender o material do curso”, explicou Yu.
- Ciclo de feedback entre esforço e desempenho. O estudo identificou uma relação recíproca entre esforço percebido e desempenho acadêmico, especialmente entre mulheres. O esforço por critério estava associado a melhores notas em exames intermediários, o que reforçava a percepção de esforço e sucesso.
- Influência dos estereótipos de gênero. Mulheres podem entender o esforço como um meio de superar os estereótipos que sugerem que elas não são boas em ciência, o que torna essa percepção positiva para elas. Já os homens tendem a basear sua confiança mais em seu desempenho anterior.
- Importância das experiências iniciais. O estudo destaca que experiências positivas nos primeiros anos dos cursos de exatas são fundamentais para fortalecer a confiança dos estudantes e evitar que abandonem a área.
Esses achados sugerem que incentivar os alunos a focarem em seu próprio progresso, em vez de se compararem com os colegas, pode ser essencial para seu sucesso acadêmico.