“Você não me ouviu: tenho de repetir mil vezes?”. Essa frase pode soar familiar para muitos pais de adolescentes. Não é à toa. Segundo pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, isso tem uma explicação neurológica.
De acordo com o trabalho, publicado no Journal of Neuroscience, o cérebro de adolescentes é programado para “sintonizar” em novas vozes durante a puberdade. Assim, os jovens realmente escutam menos os próprios pais.
Transformações físicas e psicológicas
A puberdade é uma fase de muitas transformações físicas e psicológicas. Nesse período, o cérebro dos adolescentes realmente muda, de forma a valorizar mais a aproximação com pessoas fora do núcleo familiar.
Dessa forma, é como se a mente dos jovens desse uma ênfase menor ao afeto que processava na infância em relação aos pais. Aos pais, cabe entender o processo para que os filhos se desenvolvam plenamente para uma vida independente.
O que diz a pesquisa
A pesquisa analisou adolescentes entre 13 a 16 anos de idade expostos às vozes das respectivas mães e de pessoas desconhecidas. Ao fazer uma comparação dos resultados com outro estudo, com crianças de 7 a 12 anos, os pesquisadores chegaram às seguintes conclusões:
- 95% das crianças e adolescentes reconheceram as vozes de suas mães.
- A voz da mãe em crianças mais novas desperta diferentes áreas do cérebro, além das regiões responsáveis pela audição. Por exemplo: centros de recompensa, regiões de processamento de emoções e áreas de processamento visual.
- A voz da mãe em adolescentes provocou um estímulo cerebral mais fraco frente à voz de uma pessoa desconhecida. Nos jovens entre 13 e 14 anos, a resposta cerebral à voz desconhecida foi mais forte em áreas relacionadas ao processamento de recompensas e atribuição de valor social.
Os resultados do estudo demonstram que os cérebros dos adolescentes se transformam para ajudá-los a se conectar com pessoas diferentes de seu convívio. Isso ocorre para que o adolescente se prepare para a vida adulta na qual se socializar com outras pessoas é uma questão de sobrevivência.
Portanto, se o seu filho adolescente não ouve você, fique grato. Pois isso faz parte do desenvolvimento psíquico normal a todo ser humano. Em outras palavras: você não fala grego, ele sabe disso, e está tudo bem.