
Nas salas de aula e nos ambientes virtuais das universidades, a inteligência artificial generativa (IAGen) ganha destaque entre os estudantes de graduação. Por isso, cada vez mais, é necessário criar diretrizes específicas para uma produção ética.
Alunos usam plataformas como Chat GPT, Gemini e Claude para escrever trabalhos, esclarecer dúvidas, estudar conteúdos complexos e até criar apresentações visuais. Contudo, essa prática tem despertado tanto entusiasmo quanto preocupação entre professores e instituições de ensino.
Segundo um estudo da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, estudantes não usam a tecnologia apenas para melhorar suas notas. Eles utilizam o recurso principalmente para acelerar tarefas e apoiar o aprendizado.
“Ferramentas de IAGen como o Chat GPT permitem que os usuários interajam com grandes modelos de linguagem. Eles oferecem uma promessa incrível para melhorar o aprendizado do aluno”, afirma a pesquisadora Meaghan MacNutt, professora de ética profissional. “Mas também são suscetíveis ao uso indevido na conclusão de tarefas de redação.”
Segundo ela, é preocupante pensar que a IAGen pode ser uma séria ameaça à integridade acadêmica e ao aprendizado que ocorre quando os alunos elaboram e revisam seus próprios trabalhos escritos.
Análise da ética: IA e redação
O estudo envolveu cerca de 400 alunos de três cursos diferentes. Eles responderam anonimamente sobre o uso do IAGen em tarefas de escrita reflexiva.
Embora apenas um terço tenha utilizado a IA, 81% afirmaram que recorreram à ferramenta por fatores como facilidade, busca por notas melhores, bem como desejo de aprender.
A maioria usou IA para iniciar o texto ou revisar partes da redação. Enquanto isso, apenas 0,3% das tarefas foram escritas predominantemente pela IAGen.
“Os alunos relataram que usaram IAGen mais pelo aprendizado do que pelas notas. Eles estão usando essas ferramentas seletivamente e de maneiras que acreditam ser éticas, para apoiar o aprendizado. Isso foi um tanto inesperado devido à percepção comum de que os alunos de graduação estão cada vez mais focados nas notas em detrimento do aprendizado”, diz Meaghan
A pesquisa sugere que, em vez de simplesmente proibir o uso dessas ferramentas, as instituições deveriam colaborar com os alunos para desenvolver políticas que promovam seu uso ético e produtivo.
Desafios éticos do uso de IAGen na educação
O estudo destaca alguns desafios éticos do uso de inteligência artificial generativa (IAGen) na educação:
- Integridade acadêmica. Há preocupações de que a IAGen possa ser usada para concluir tarefas sem que o aluno realmente aprenda. Contudo, o estudo sugere que os alunos analisados utilizaram a tecnologia para apoiar o aprendizado, em vez de substituir o esforço intelectual.
- Desigualdade no acesso. Se as versões pagas das ferramentas de IAGen forem mais eficazes, os alunos que puderem pagar por elas terão uma vantagem sobre os demais, o que ampliará as desigualdades dentro da sala de aula.
- Uso ético e responsável. Os alunos precisam compreender como utilizar a IAGen de forma ética, e assim, evitar a dependência excessiva de forma a garantir que suas produções possam refletir seu próprio entendimento.
O estudo sugere que, em vez de simplesmente restringir o uso da GenAI, as instituições educacionais deveriam colaborar com os alunos para desenvolver políticas que incentivem um uso consciente e produtivo da tecnologia. Isso ajudaria a equilibrar inovação e princípios éticos no aprendizado.