Adolescentes que dormem mais cedo e por mais tempo apresentam melhores resultados em testes cognitivos, segundo um estudo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e da Universidade Fudan, em Xangai, na China.
Os pesquisadores analisaram dados de mais de 3.200 jovens entre 11 e 12 anos usando FitBits (monitor que rastreia atividade física) para obter medidas objetivas do sono. A partir daí, dividiram os participantes em três grupos, com diferenças mínimas na duração do sono, mas com impactos significativos na estrutura e função cerebral.
O grupo que dormia mais cedo e por mais tempo apresentou melhor desempenho em testes de vocabulário, leitura, resolução de problemas e foco. Entretanto, mesmo os participantes com hábitos de sono mais saudáveis não atingiram a quantidade ideal recomendada de oito a dez horas por noite.
“Apesar das pequenas diferenças na quantidade de sono de cada grupo, conseguimos ver diferenças na estrutura e atividade do cérebro”, disse Barbara Sahakian, do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge. “Isso nos mostra o quão importante é ter uma boa noite de sono neste momento importante da vida.”
Impactos do sono no desenvolvimento adolescente
O sono desempenha um papel importante no desenvolvimento do adolescente, pois afeta funções cerebrais e desempenho cognitivo. Os principais impactos são:
- Desenvolvimento cerebral. Durante o sono, ocorrem processos essenciais, como a eliminação de toxinas do cérebro e a consolidação das conexões neurais, o que melhora a memória, o aprendizado e a resolução de problemas.
- Função cognitiva. Adolescentes que dormem mais e vão para a cama mais cedo apresentam melhores resultados em testes de vocabulário, leitura, raciocínio e foco.
- Saúde mental e física. O sono adequado fortalece o sistema imunológico e contribui para o bem-estar emocional. Além disso, adolescentes com padrões de sono mais saudáveis apresentam taxas cardíacas mais baixas durante o sono, o que indica melhor saúde geral.
- Estrutura cerebral. Jovens que dormem mais tempo tendem a ter maior volume cerebral e melhor funcionamento neurológico.
- Influência do relógio biológico. Durante a adolescência, há uma tendência natural de dormir mais tarde, o que pode interferir no ritmo circadiano (relógio biológico dos seres vivos) e impactar negativamente o desempenho diário.
O estudo sugere que mesmo pequenas diferenças na duração do sono podem afetar significativamente o cérebro e a cognição dos adolescentes. Também reforça a necessidade de investigar fatores que fazem alguns jovens dormirem menos, como uso de dispositivos eletrônicos ou características individuais do relógio biológico.
“Dada a importância do sono, agora precisamos investigar por que algumas crianças vão para a cama mais tarde e dormem menos do que outras”, afirmou o pesquisador Wei Cheng, da Fudan. “É por causa de jogar videogames ou usar smartphones, por exemplo, ou é apenas porque os relógios biológicos delas não avisam que é hora de dormir até mais tarde?”
