
Um estudo da Universidade de Alberta, no Canadá, revelou que reduzir o tempo de internet — o famoso detox digital — faz bem para a saúde mental. Afinal, diminui a ansiedade, melhora o bem-estar, assim como aumenta a capacidade de concentração. Os resultados estão disponíveis na revista científica PNAS Nexus.
Durante o estudo, 467 voluntários aceitaram bloquear a internet de seus celulares por duas semanas. Um aplicativo impedia o uso de Wi-Fi e dados móveis, liberando apenas ligações e mensagens SMS.
No total, 119 pessoas (25,5%) seguiram a proposta até o fim. Mas, mesmo assim, os efeitos foram positivos: 91% dos participantes relataram melhora em pelo menos um dos três aspectos avaliados.
A média diária de uso de tela caiu drasticamente: de mais de cinco horas para menos de três. Segundo os pesquisadores, o tempo “offline” foi usado para interações presenciais, contato com a natureza e atividades físicas. Dessa forma, também ajudou na melhora do bem-estar.
Brasileiros conectados x detox digital
O alerta sobre os efeitos do uso excessivo da internet é cada vez mais frequente. Segundo a União Internacional das Telecomunicações, 78% da população mundial com mais de 10 anos tem um celular. No Brasil, 161,6 milhões de pessoas usam o aparelho. Além disso, 81% têm acesso à internet móvel.
Alaor Carlos de Oliveira Neto, coordenador do Serviço de Psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, afirmou ao Estadão que o uso exagerado da internet pode afetar o cérebro: “O tempo excessivo diante das telas tem sido associado a prejuízos no desenvolvimento cerebral de jovens, com o agravamento de sintomas depressivos e ansiosos”.
Segundo o médico, em crianças pequenas, o tempo prolongado na internet pode comprometer a capacidade de regular emoções, provocar irritabilidade e dificuldades no processamento emocional.
Para os especialistas, a chave está no equilíbrio. “A internet não é um mal e o uso de telas também não; o que faz mal é o exagero. O segredo está em saber dosar, e a base disso é o bom senso”, disse o psiquiatra Arthur Guerra, do Hospital Sírio-Libanês.