É mais do que comum ouvir mães e pais reclamando que os filhos simplesmente rejeitam os seus conselhos. Isso ocorre frequentemente quando o assunto é escola. No entanto, um estudo da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos EUA, demonstrou que, ainda que o jovem dê de ombros, aconselhar causa um efeito positivo no desempenho acadêmico.
Para chegar a essa conclusão, o trabalho analisou conversas entre mães e filhos da oitava série do ensino fundamental. Os diálogos tinham muitos conselhos sobre como os jovens deveriam enfrentar as dificuldades na escola.
“Queríamos entender conversas reais entre pais e filhos. Nos concentramos em desafios acadêmicos, como dificuldades em entender os trabalhos, ficar entediado na aula ou problemas com o gerenciamento do tempo, porque as expectativas acadêmicas e a pressão começam a aumentar nessa idade”, explicou a pesquisadora Kelly Tu, autora principal do artigo sobre o estudo. ‘Queríamos saber o que pais dizem aos filhos sobre como lidar com estressores e como as crianças estão respondendo “.
Os pesquisadores classificaram os conselhos em categorias:
- Incentivo à reavaliação. Esse tipo de conselho sugere maneiras de reformular o problema, considerar outras explicações, pensar nas experiências como oportunidades de aprendizado.
- Procura por estratégias. Por esse caminho, tenta-se encorajar os jovens a procurar soluções para os problemas.
- Busca por ajuda. Aconselha-se a encontrar alguém que possa ajudar, como um professor, pai ou irmão mais velho.
O estudo também examinou como esses conselhos influenciam o enfrentamento acadêmico e o engajamento escolar dos jovens ao longo do tempo. Para tal, os pesquisadores fizeram uma nova avaliação dos participantes do estudo quando eles já estavam no ensino médio.
Resultados encontrados para cada tipo de conselho
O primeiro tipo de conselho, incentivar os jovens a reavaliar o que pensam, foi associado a um melhor enfrentamento adaptativo das dificuldades. Isso resultou em um maior envolvimento escolar do filho no ensino médio.
Por outro lado, os conselhos de estratégias ou busca por ajuda foram menos eficazes. Os filhos apresentaram menor enfrentamento adaptativo e engajamento escolar ao estudarem no ensino médio.
De forma geral, a maioria dos jovens recebeu conselhos de todos os tipos sem muita rejeição. Mas as crianças que rejeitaram ou responderam de forma ambígua ao conselho de reavaliação do que pensam (reavaliação cognitiva) relataram mais enfrentamento adaptativo no ensino médio do que aquelas que o aceitaram.
“Nessa idade, as crianças estão amadurecendo e querem tomar suas próprias decisões. A resposta imediata pode ser resistência ou relutância, mas o conselho sobre como reformular o problema, considerar outras explicações ou pensar sobre o que estão aprendendo é absorvida por eles”, disse Kelly Tu.
Segundo a pesquisadora, os jovens precisam apenas de tempo para avaliar os conselhos: “Talvez eles não tenham achado útil naquela situação específica que estavam discutindo. Mas pode ser que eles se deparem com novas experiências no ensino médio e, aí, tenham estratégias guardadas, porque a mãe ofereceu antes maneiras diferentes de pensar sobre os desafios”.