A confiança das pessoas na Ciência é, muitas vezes, tema central quando se discute saúde pública, mudanças climáticas, avanços tecnológicos, assim como outros desafios contemporâneos. Apesar do debate acalorado, um estudo recente mostra que ela ainda é alta.
A relação entre a Ciência e a sociedade é complexa. Afinal, frequentemente influenciada por fatores como a comunicação científica, o contexto sociocultural, bem como a disseminação de desinformação.
O papel da confiança na Ciência
A confiança na Ciência é fundamental para que o conhecimento científico seja aplicado em políticas públicas e ações individuais.
Estudos mostram que a percepção de credibilidade dos cientistas está relacionada à transparência, à comunicação clara e à percepção de que a Ciência opera no interesse do bem comum.
Fatores que influenciam a confiança
- Educação e alfabetização científica. Pessoas com maior conhecimento científico tendem a confiar mais na Ciência. Afinal, compreendem melhor os métodos e os limites do conhecimento científico.
- Comunicação científica. A forma como os resultados científicos são comunicados afeta a percepção pública. Então, mensagens claras, acessíveis e livres de jargões contribuem para aumentar a confiança.
- Desinformação. A disseminação de informações falsas ou enganosas nas redes sociais enfraquece a confiança pública na Ciência, principalmente em temas como vacinas e mudanças climáticas.
Nível de confiança ainda é alto, aponta estudo recente
Um estudo recente e global que abrangeu 68 países revelou que a confiança do público nos cientistas ainda é alta. Liderado pela Universidade de Zurique e pela ETH Zurique, ambas na Alemanha, o trabalho envolveu 241 pesquisadores e entrevistou 71.922 pessoas.
“Nossos resultados mostram que a maioria das pessoas, na maioria dos países, tem um nível relativamente alto de confiança nos cientistas”, diz a pesquisadora principal Viktoria Cologna, “e quer que eles desempenhem um papel ativo na sociedade e na política”.
No entanto, menos da metade dos entrevistados acredita que os cientistas prestam atenção às opiniões dos outros.
“Nossos resultados também mostram que muitas pessoas em muitos países sentem que as prioridades da Ciência nem sempre estão bem alinhadas com suas próprias prioridades”, diz o co-autor Niels G. Mede. “Recomendamos que os cientistas levem esses resultados a sério e encontrem maneiras de serem mais receptivos ao feedback e abertos ao diálogo com o público.”
O estudo também destaca diferenças significativas entre países e grupos populacionais, especialmente em relação às visões políticas. Por exemplo, as pessoas com visões políticas de direita em alguns países ocidentais tendem a ter menos confiança nos cientistas do que aquelas com visões de esquerda.
No entanto, na maioria dos países pesquisados, a orientação política não apresentou nenhuma relação com a confiança nos cientistas.
Desafios na construção da confiança
A polarização política e ideológica é um desafio crescente. Temas como aquecimento global e pandemias têm sido politizados, levando à rejeição de evidências científicas por parte de alguns grupos. Além disso, a percepção de que interesses econômicos podem influenciar a Ciência gera desconfiança em setores do público.
Caminhos para fortalecer a confiança
- Transparência. Garantir que processos científicos, como métodos de pesquisa e fontes de financiamento, sejam acessíveis e transparentes.
- Participação pública. Incluir cidadãos em discussões sobre Ciência e tecnologia, promovendo um diálogo aberto.
- Educação. Investir em programas de alfabetização científica para todas as idades.
- Regulação da informação. Combater a desinformação por meio de políticas públicas e parcerias com plataformas digitais.
A confiança do público na Ciência é essencial para enfrentar os desafios globais e promover o progresso da sociedade. Para isso, cientistas, comunicadores e formuladores de políticas devem trabalhar juntos para fortalecer a transparência, combater a desinformação e engajar o público em um diálogo construtivo sobre o papel do conhecimento no mundo contemporâneo.
