A ansiedade é uma emoção natural que todos nós experimentamos ao longo da vida, incluindo crianças e jovens. Afinal, em um mundo conectado e cheio de informações, é comum que eles também enfrentem angústias e preocupações típicas de quem está tentando compreender e lidar com o mundo em que vivem.
A psicóloga Rozineti Gonçalves, doutora em Educação e Saúde, explica que fatores biológicos, psíquicos, sociais e ambientais podem contribuir para despertar a ansiedade. Seja de maneira geral ou vinculada a situações específicas.
Sinais de ansiedade
“É preciso observar o comportamento da criança ou jovem para identificar os sinais, incluindo os físicos, como suor excessivo, tremores e alterações no sono. Nos adolescentes, a atenção deve ser redobrada para isolamento, uso de substâncias e até autolesão”, explica Rozineti.
Assim, ao identificar alterações no comportamento, é preciso agir imediatamente. O primeiro passo é estabelecer um ambiente seguro para o diálogo. Assim, incentivar a expressão de sentimentos com linguagem adequada à idade.
“É importante ouvir atentamente, sem julgamentos, e acolher as emoções da criança. Da mesma forma, estabelecer uma rotina consistente também contribui para prevenir a ansiedade, proporcionando organização e previsibilidade”, diz a psicóloga.
Relaxamento e afeto
Técnicas simples de relaxamento, como meditação e exercícios respiratórios, aliadas ao contato com a natureza, podem ser eficazes para lidar com a ansiedade.
O ambiente familiar é decisivo para superar o problema. Pois além de ser um espaço de afeto e acolhimento das emoções e sentimentos, pode proporcionar um desenvolvimento saudável. Por isso, amor, respeito, apoio, confiança, bem como solidariedade devem ser valores inegociáveis.
Quanto aos fatores externos que podem desencadear a ansiedade, como escola, academias ou círculo social, a psicóloga explica que não são necessariamente os lugares em si. Mas as relações que se estabelecem entre a criança e as pessoas.
“Excessos de cobrança por desempenho ou resultados, tanto da escola quanto da família, expectativas perfeccionistas e ou inalcançáveis, atividades impostas, rotinas exaustivas, assim como ausência de espaços de lazer típicos da idade”, afirma Rozineti.
E os adolescentes?
No caso de adolescentes, responder a padrões sociais de beleza, de gênero e desempenho tende a gerar aumento da ansiedade. Da mesma forma, a pressão familiar e social da escolha por uma carreira também é um grande fator.
A psicóloga explica que cabe às escolas ser ambientes que combatam as relações de preconceitos e promovam o respeito desde a educação infantil até os anos finais da educação básica. A atenção a essas relações é importante, e os pais devem buscar soluções junto às instituições e responsáveis envolvidos.
Não subestime
Se os sinais de ansiedade persistirem ou se agravarem, é preciso recorrer a ajuda profissional, como psicólogos e médicos especializados em infância. O tratamento depende da gravidade e pode incluir psicoterapia, orientação familiar e, em casos extremos, medicamentos.
A ansiedade não deve ser subestimada. Pais ou responsáveis devem permanecer vigilantes e, se necessário, buscar auxílio profissional. Se antecipar ao problema e criar uma rede de apoio são atitudes essenciais para assegurar que crianças e jovens se desenvolvam emocionalmente saudáveis e estejam prontos para enfrentar os desafios do mundo.