Balbucio do bebê pede respostas imediatas para aprender a linguagem

‘Timing’ das reações é fundamental para o desenvolvimento infantil

Redação FamiliarIdades
Cuidadores tendem a responder aos balbucios de bebês em torno de 50 a 60% do tempo, em média. Foto: Getty Images.
Cuidadores tendem a responder aos balbucios de bebês em torno de 50 a 60% do tempo, em média. Foto: Getty Images.

O balbucio do bebê é o precursor da fala e da comunicação. Por isso, segundo um estudo da  Universidade Cornell, nos Estados Unidos, o momento da  resposta do cuidador aos sons dos pequenos é fundamental para o desenvolvimento inicial da linguagem e da interação social.  

No primeiro ano de vida, os bebês são muito flexíveis quanto ao foco de interesse, que pode ser um ser humano, um animal ou um objeto. Mas, de acordo com os pesquisadores, aprender a prestar atenção em algo específico depende da resposta contingente imediata ao seu estímulo.

Isso contraria as suposições de alguns psicólogos sobre o desenvolvimento dos bebês. Eles pensavam que os pequenos, assim como outros animais de desenvolvimento lento, dependiam de um conhecimento inserido na genética para aprender. Como, por exemplo, o reconhecimento facial. Mas, na verdade, eles estão programados para aprender com base no timing das respostas. 

“O que está embutido no bebê é prestar atenção ao tempo, e o mundo cuida do resto”, explica o professor Michael Goldstein, diretor da B.A.B.Y (Análise Comportamental dos Anos Iniciais). “Os bebês são máquinas de aprendizagem, e cabe aos adultos responderem da maneira certa para impulsionar esse aprendizado.”

Como os pesquisadores chegaram a essa conclusão?

Pesquisas anteriores mostraram que cuidadores tendem a responder aos balbucios de bebês em torno de 50 a 60% do tempo, em média. Durante essas trocas, as crianças captam padrões, como, por exemplo, mais sons de vogais ou consoantes, conforme a fala do adulto. 

A resposta adicional do cuidador cria um ciclo de feedback que reforça os padrões de som e assim, facilita o aprendizado. 

No presente estudo, a equipe de Goldstein investigou a influência do tempo de resposta nas interações com os bebês. Para o experimento, os pesquisadores introduziram um elemento não humano: um carrinho de controle remoto. Assim, poderiam identificar se o foco de atenção se concentrava na interação com um humano ou no tempo de resposta ao estímulo. 

Mais de 60 bebês de 7 a 8 meses foram colocados para interagir com o carro ou com uma pessoa desconhecida. Quando os bebês balbuciavam, a resposta ora vinha do carro, ora da pessoa desconhecida. O carro se movia e imitava sons na mesma frequência estimada para as respostas que o bebê recebia de seus cuidadores. Já a pessoa desconhecida respondia tocando e sorrindo para o bebê.

Em contrapartida, um outro grupo de bebês, de controle, recebeu respostas não contingentes, sem relação com suas vocalizações. O carro, ou a pessoa, respondia em outro tempo. Ou seja: sem ser acionado pelo balbucio do bebê. 

Após 10 minutos de interação, o carro ou a pessoa parou de responder por 2 minutos, nos dois grupos. Todos os bebês se tornaram mais vocais. Porém, aqueles do grupo que obtiveram as respostas contingentes vocalizaram mais. 

O experimento mostrou aos pesquisadores como os bebês reagem a padrões de respostas previsíveis ou não. De forma geral, os pequenos respondem melhor quando têm interações rápidas e consistentes – ainda que o estímulo não seja o pai e a mãe, mas apenas um carrinho de controle remoto. 

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