As tecnologias estão mudando significativamente a maneira como nos comunicamos. Entretanto, embora as mensagens de texto tenham se popularizado bastante nos últimos anos, enviamos áudios e participamos de teleconferências pela internet, por exemplo. Nesses casos, assim como nas relações presenciais, a nossa voz terá um peso relevante na forma como as outras pessoas nos interpretam.
Por exemplo: se uma pessoa falha a voz ao pedir um aumento, ela pode parecer insegura. Da mesma forma, alguém que está muito triste pode embargar a voz. Isso ocorre porque as nossas pregas vocais funcionam como uma espécie de sistema de segurança natural contra eventuais ameaças – se não fosse por elas, poderíamos nos afogar com a saliva toda vez que nos sentíssemos vulneráveis.
Interpretação da voz
Mas não queremos transparecer nenhum sentimento de insegurança ou ansiedade, principalmente no mundo corporativo. “Ninguém quer que outras pessoas saibam que o nosso barômetro emocional está disparado, porque não queremos ser julgados”, explicou a professora de Otorrinolaringologia Jackie Gartner-Schmidt, da Universidade de Pittsburgh, nos EUA, em uma palestra para a série de conferências global TED.
“Queremos a voz congruente com a nossa identidade; que ela reflita nossos pontos fortes, e não nossos pontos fracos”, disse. Segundo ela, várias pesquisas já demonstraram que sons de voz agudos e ofegantes, por exemplo, são associados a pessoas incompetentes, frágeis e não confiáveis, ainda que na maioria das vezes isso não corresponda à realidade.
Assim, Jackie recomenda um exercício para quem vai falar em público ou precisa participar de uma reunião importante. A pessoa deve balançar o dedo indicador na frente da boca, de um lado para o outro, enquanto assopra e emite o som de um fantasma. Esse processo, se repetido entre cinco e dez vezes, faz as pregas vocais relaxarem, equilibrando a respiração e estabilizando a voz.
Outros aspectos também mudam a percepção da voz
De acordo com a fonoaudióloga especialista em voz Wendy LeBorgne, também em conferência ao TED, preste atenção a:
- Intensidade. Perceba o ambiente em que está e nivele o volume da voz. Existe um nível confortável para todos os ouvintes. Da mesma forma, muitas vezes, devemos falar mais baixo para conquistarmos a atenção dos outros.
- Entonação. A importância que damos a algumas palavras na hora de falar pode tornar a conversa bem mais interessante. Mas não exagere: terminar frases com uma entonação de perguntas, por exemplo, pode transparecer insegurança.
- Velocidade. Isso pode controlar o estado emocional dos ouvintes. Falar rápido demais pode deixá-los angustiados e tensos. Se muito lentamente, os outros podem ficar com tédio. Como em uma música, é preciso dosar para acertar o ritmo.
- Frequência. Vozes mais graves tendem a ser associadas com autoridade. Portanto, a expressão “falar grosso” pode funcionar bem se você almeja passar confiança e a imagem de auto-estima alta.
- Qualidade. Aqui, entra a questão da clareza: embora uma voz rouca possa ser atraente para quem escuta, muitas vezes isso pode ser uma desvantagem se as palavras não soarem tão claras.