Transtorno dissociativo de identidade: o que é?

TDI se manifesta em diferentes graus dependendo do paciente

Redação FamiliarIdades
O transtorno dissociativo de identidade pode se manifestar em diferentes graus. Foto: Getty Images.
O transtorno dissociativo de identidade pode se manifestar em diferentes graus. Foto: Getty Images.

Os transtornos dissociativos são aqueles em que a pessoa apresenta divisões de processos mentais que deveriam estar integrados. Por exemplo: memória, emoção e comportamento. O mais grave deles é o Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI).

“O TDI é definido pela presença de duas ou mais identidades distintas. Cada uma com um padrão próprio – e relativamente persistente – de percepção, pensamento e relacionamento com si próprio e o ambiente”, explica Adriana Fiszman, psiquiatra especialista no transtorno.

Esse tipo de condição é marcado pela amnésia, consequência da alternância entre as personalidades. Assim, a pessoa com o transtorno esquece de eventos do cotidiano, bem como informações importantes.

Fiszman, que é coordenadora do ambulatório de transtornos dissociativos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que o TDI é normalmente provocado por um trauma severo sofrido ainda na infância. 

“Em particular negligências física e emocional, violência doméstica, abuso sexual, entre outros”, diz. Porém, é necessário que o paciente tenha predisposição genética à condição.

Os sintomas do transtorno dissociativo de identidade podem aparecer em qualquer fase da vida. Mas, geralmente, começam a se acentuar no início da vida adulta. Da mesma forma, a pessoa pode apresentar sinais após algum evento que a obrigue a revisitar traumas da infância.

Graus do Transtorno Dissociativo de Identidade

A psiquiatra explica que o transtorno dissociativo de identidade pode se manifestar em diferentes graus. Nos casos mais graves, levar até mesmo a uma amnésia completa. “E as diferentes identidades possuem nomes distintos umas das outras, personalidades diferentes e até mesmo comorbidades psiquiátricas ou clínicas diferentes”.

Já em outros casos, algumas identidades parecem conhecer umas às outras e interagir entre elas. “Em casos mais leves, é comum a ocorrência de somente regressão de idade. Ou seja, o paciente regride a uma etapa anterior do seu desenvolvimento. Em geral, a um período em que o seu pior trauma emocional ainda não aconteceu”, diz.

Assim, nessas situações mais brandas, os pacientes mudam o tom de voz, o comportamento, bem como o vocabulário para a faixa-etária daquela personalidade. Depois, ao recobrar a consciência, a pessoa não se lembra da regressão. 

“Por exemplo, uma paciente de 25 anos que havia perdido o pai de maneira traumática aos nove anos costumava despertar do sono com voz e vocabulário de uma criança de sete anos e com os trejeitos daquela idade. Ela pedia para alguém chamar o pai”, conta. 

Adriana Fiszman explica que, em muitos dos casos, as personalidades não são evidentes para os pacientes ou até para outras pessoas ao seu redor. Isso pode causar uma confusão nas pessoas que têm TDI, como a sensação de estar assistindo a ações feitas por outras pessoas, como num filme ou sonho. Além do mais, podem ter pensamentos repentinos que parecem não pertencer a eles.

Tratamento

A boa notícia é que o TDI é tratável com psicoterapia de especialistas na área do trauma emocional. Embora não haja remédios específicos para o transtorno, medicações para estresse pós-traumático costumam ajudar significativamente os pacientes.

Finalmente, a especialista explica que, com o acompanhamento de um psiquiatra e de um psicoterapeuta, além do uso das medicações, os sintomas podem ser controlados em vários casos. Assim, “o transtorno dissociativo entra em remissão, levando às consequentes independência e autonomia do paciente”.

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