A primeira impressão geralmente é a que fica. Mas dá para mudar

Psicóloga explica método para reverter uma experiência ruim

Redação FamiliarIdades
Primeira impressão é a que molda a nossa avaliação e compreensão sobre alguém. Foto: Getty Images.
Primeira impressão é a que molda a nossa avaliação e compreensão sobre alguém. Foto: Getty Images.

Nada mais certo do que o dito popular “A primeira impressão é a que fica”. Mas, em vídeo no YouTube, a psicóloga social Heidi Grant Halvorson explica como compensar os atalhos preguiçosos do cérebro, bem como orientar outras pessoas em torno das primeiras impressões sobre você.

O preconceito é a chave que abre a porta para as primeiras impressões que as pessoas têm de algo ou alguém. Pois ele interfere na maneira como o mundo ao redor é visto. Assim, como a própria denominação indica, é um pré (primeiro) conceito (significado).

Por que falar em preconceito quando, na verdade, queremos falar sobre a primeira impressão? Porque ele direciona para uma primeira avaliação que fazemos das coisas ou pessoas para entendê-los.  A psicóloga Heidi explica que o primeiro preconceito, e provavelmente o mais comum, é o ‘viés da confirmação’. 

Primeira impressão e viés da confirmação

O viés da confirmação é a forma como nosso cérebro procura caminhos mais curtos para avaliar evidências, dado que essas evidências gastam tempo e energia para serem avaliadas. 

“É a tendência do cérebro de, uma vez que você começa a ter uma noção de como alguém é, então, começa a sentir uma interação inicial. E você pensa ‘esta é uma pessoa engraçada’ ou uma pessoa inteligente, ou alguém em quem pode confiar. E uma vez que você começa a ter esse palpite inicial, seu cérebro naturalmente procura informações que confirmem isso e meio que ignora todo o resto”, explica a psicóloga.

Isso quer dizer que é justamente essa primeira impressão que molda a nossa avaliação e compreensão posterior acerca de algo ou alguém. E isso pode nos levar a fazer interpretações errôneas. Afinal, nosso cérebro é preguiçoso. Então, sempre procura pelo caminho mais curto. Ou seja: tende a confirmar as primeiras suposições.  

Ela também sugere um exemplo. “Em um primeiro encontro com algumas pessoas, você pode parecer um bobo e sabe disso. Percebe que não saiu do jeito que pretendia. Então, no dia seguinte, quando você chega ao trabalho, digamos que leve uma xícara de café para elas e pensa: ‘Bem, isso será legal, um gesto gentil. Isso mostrará que eu não sou um tonto’.

O que realmente pode acontecer é que as pessoas interpretem você oferecendo o café com a perspectiva anterior, de que você era um tonto. Então eles vão pensar: ‘Esse tonto está tentando me manipular, pensando que apenas ao me dar um café vai de alguma forma me colocar do lado dele?’.”

As pessoas se sentirão manipuladas pelo gesto. Assim, a interpretação que eles tinham sobre você inicialmente não mudou. Na verdade, piorou. Mas como enfrentar esse desafio? Heide apresenta duas soluções que podem ajudar a mudar a opinião das pessoas: ela chama a primeira de método da tartaruga e a segunda método da lebre.

Método tartaruga

O método da tartaruga, pelo seu nome já diz, é muito demorado. Consiste em sobrecarregar as pessoas com abundância de informações realmente tentadoras que as façam mudar de opinião.  

“Portanto, não se trata de levar uma xícara de café para eles no dia seguinte. É se esforçar para ser legal dia após dia, potencialmente por alguns meses até que a pessoa finalmente perceba que há tantas evidências de que você é uma pessoa legal que eles dizem ‘Quer saber? O que pensei originalmente dele realmente não é verdade. Na verdade, ele é uma pessoa muito legal’. Mas é preciso muita informação para fazer isso e você realmente precisa aguentar firme por um longo tempo.”

Método lebre

Já o método lebre é mais rápido do que o método anterior, porém nem tão rápido assim. Ele corresponde a tornar as pessoas mais próximas ou dependentes. Seja no trabalho ou não, é preciso fazer com que as pessoas precisem de você. Nesse sentido, elas tendem a fazer uma reavaliação para poder agir da forma certa, pois terão que prestar mais atenção em quem você é e poderem prever seus passos.

“Eles não confiam apenas na impressão inicial que tiveram. Eles olham para você novamente e estão mais dispostos a atualizar e revisar a impressão que têm sobre você para serem realmente precisos”, explica Heide.

Segundo ela, é por isso que tantas vezes as pessoas dizem “Ah, você sabe, eu pensei que fulano de tal não era tão inteligente, mas então trabalhei com ele e descobri que ele era muito inteligente”. Afinal, trabalhar em grupo cria uma motivação real para você ser necessário e isso realmente abre uma porta para você causar uma boa segunda impressão, caso tenha causado uma péssima primeira impressão.”

Fonte: Confirmation Bias: Your Brain is So Judgmental | Heidi Grant Halvorson | Big Think

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