O Alzheimer atinge diretamente mais de 1 milhão de brasileiros, segundo estimativas do Ministério da Saúde. Mas, como exige atenção redobrada de familiares, afeta, indiretamente, muito mais. A doença prejudica as funções cerebrais, como a memória e a linguagem, e tanto pacientes quanto cuidadores devem receber suporte adequado para enfrentá-la.
Uma rotina equilibrada, com divisão de tarefas, é uma forma de preservar o bem-estar de todos dentro de casa, afirma a professora do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Célia Pereira Caldas, especialista em gerontologia.
Fases do Alzheimer
Célia explica que o Alzheimer pode ser dividido em três fases: a primeira é marcada por perdas de memória e episódios de desorientação; na segunda, os sintomas são agravados e a pessoa começa a ter mais dificuldade de mobilidade e com o autocuidado; e a última envolve uma maior restrição da pessoa em casa, com todos os sintomas anteriores agravados.
Para atrasar o desenvolvimento da doença, a professora orienta que, logo nos primeiros sintomas após o diagnóstico, a pessoa seja encorajada a realizar atividades que incentivam o raciocínio lógico e a memória. “Quanto mais for estimulada a parte cognitiva, maior será o efeito de desacelerar o processo de evolução da doença. Não é possível reverter, mas o estímulo cognitivo funciona bem nessa etapa”, diz.
Quando a doença avançar e o paciente chegar ao ponto de não conseguir realizar tarefas envolvendo higiene pessoal e autocuidado, é importante haver monitoramento: “Não é para fazer pela pessoa, mas permitir que ela continue fazendo essas atividades com supervisão”.
Veja como lidar com uma pessoa com Alzheimer no dia a dia:
- Não confronte. O Alzheimer causa mudança na personalidade natural da pessoa e episódios de desorientação. Não discuta ou entre em confronto com a pessoa. Seja paciente e, numa crise, tente mudar de assunto ou leve a pessoa para outro local.
- Reduza a frustração. Não insista em fazer a pessoa com Alzheimer se lembrar de alguém ou de alguma situação caso ela apresente episódios frequentes de esquecimento, porque isso pode elevar o estresse. Uma dica é se dirigir a ela oferecendo essas informações de antemão. Por exemplo: “Pai, o seu neto Pedro está aqui para te ver”.
- Supervisão. Deixar uma pessoa com essa doença sozinha é muito perigoso. Independentemente da fase, é importante haver acompanhamento. Ela pode não ser capaz de avaliar adequadamente suas capacidades físicas e tentar realizar atividades arriscadas. Além disso, pode se perder. Uma dica é colocar pulseiras ou colares com nome e telefone gravados.
- Cuide de si. O cuidador principal, normalmente um familiar próximo, também deve cuidar de si próprio para conseguir oferecer um bom acompanhamento à pessoa com Alzheimer. Dividir a tarefa com familiares e amigos, ou contratar cuidadores profissionais, são alternativas.
- Estimule a cognição. Incentive o raciocínio lógico e a cognição com atividades e brincadeiras que a pessoa já gostava antes da doença se desenvolver. Isso desacelera o desenvolvimento da doença e suas consequências, como a perda da memória. Além disso, pode diminuir o estresse.