
O gerenciamento das finanças é a ferramenta mais poderosa para evitar a inadimplência. Contudo, uma pesquisa recente mostra que 35% dos brasileiros inadimplentes admitem que não controlam contas e gastos.
A falta de organização financeira é atribuída a várias razões. Por exemplo: a crença de que o controle “de cabeça” é suficiente, indisciplina, falta de tempo ou simplesmente não saber como fazer.
No entanto, o restante dos inadimplentes (dois terços) controla o orçamento com um caderno de anotações. Apesar disso, 53% de todos os inadimplentes declararam que gastam mais do que o orçamento permite.
“É preocupante que um percentual tão expressivo da população não utilize um método sistemático para organizar as próprias contas e gastos. Não importa a ferramenta, o importante é que o consumidor não se desorganize financeiramente”, alerta o presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), José César da Costa.
Segundo ele, algumas pessoas têm facilidade com planilhas ou aplicativos, mas outras não. Isso não importa. “O fundamental é sempre registrar tudo o que se ganha e se gasta, e jamais confiar na memória”, completa Costa.
Inadimplência: emoções ‘falam’ alto
As emoções também desempenham um papel significativo, com muitos consumidores fazendo compras impulsivas para se sentirem melhor.
“As emoções são um fator determinante de como o dinheiro é usado. Percebe-se pela pesquisa que a falta de controle financeiro está muitas vezes ligada à situação emocional e crenças sobre o dinheiro do consumidor, sobretudo no que diz respeito ao consumo por impulso”, destaca Costa.
Sobre a pesquisa
A pesquisa foi realizada pela CNDL e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas.
Ela considerou 624 casos de consumidores em atraso há mais de 3 meses, de todas as capitais brasileiras. Esses consumidores inadimplentes eram homens e mulheres com idade igual ou superior a 18 anos, e de todas as classes sociais.
Já a coleta dos dados foi feita via web, entre 18 e 27 de março de 2024. Após a coleta, os dados foram analisados por sexo, idade, estado, renda e escolaridade.
A análise dos dados levou em consideração os itens de despesas essenciais que eram mais controlados pelos entrevistados. Por exemplo: luz, água, aluguel, condomínio, mensalidades, soma dos rendimentos, mesadas, alugueis, “bicos”, pensão, aposentadoria, bem como prestações de compras. Além disso, os gastos não essenciais, que incluíam salão de beleza, lazer, saídas a bares e restaurantes, lanches, táxi, roupas, presentes.
Os pesquisadores também observaram o que os inadimplentes entendiam sobre seus conhecimentos de administração do orçamento. Eles concluíram que 42% dos inadimplentes consideravam ter um conhecimento regular, 40% ótimo ou bom e 17% ruim ou péssimo.
O resultado da análise demonstrou que 35% dos entrevistados dizem que as pessoas acham que eles compram demais. Já 29% concordam que gastam mais do que podem acumulando dívidas para acompanhar o padrão de vida dos amigos.
Outro vilão dos gastos é o convívio social: 47% se sentem pressionados a gastar mais quando estão com a família ou amigos. Também, 41% gastam mais do que podem para satisfazer as vontades de seus afins, como cônjuges, namorados e filhos.