De acordo com um estudo do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA), na Áustria, sociedades sem igualdade de gênero estão em desvantagem na implementação de soluções climáticas. Para que possamos mudar o planeta para melhor, mulheres devem ter acesso ilimitado a educação, recursos financeiros e tomadas de decisão.
“A ligação entre igualdade de gênero e ação climática é muito abrangente. Mas tem sido tradicionalmente negligenciada na pesquisa climática convencional, especialmente em relação à mitigação”, disse Marina Andrijevic, pesquisadora do Programa de Energia, Clima e Meio Ambiente do IIASA. “Garantir que as mulheres tenham oportunidades iguais na tomada de decisões, na força de trabalho e no ensino superior em todas as disciplinas torna a transição energética mais fácil e justa.”
O estudo destaca que a desigualdade de gênero influencia diretamente a capacidade de adaptação a crises climáticas. Além disso, os pesquisadores mostram que as mulheres enfrentam desafios específicos, como riscos de saúde materna em períodos de seca e acesso limitado a recursos. Por outro lado, homens são mais propensos a sofrer consequências econômicas e psicológicas em eventos climáticos extremos.
“Nosso trabalho foi inspirado por evidências crescentes de que, quando as mulheres não têm oportunidades, desde o acesso à educação primária até voz nos cargos mais altos do governo, isso enfraquece a capacidade de sociedades inteiras de responder a crises. Ao explorar diferentes futuros possíveis, destacamos como o progresso social desempenha um papel crucial na formação da resiliência climática”, afirmou Marina.
Promoção da igualdade de gênero
Promover a igualdade de gênero é essencial para melhorar a resiliência climática, garantir oportunidades iguais e criar soluções mais inclusivas em um contexto de mudanças climáticas.
Estudos anteriores já destacaram que comunidades com maior igualdade de gênero demonstram maior resiliência climática. Além disso, mulheres desempenham papéis cruciais na gestão sustentável de recursos naturais e na implementação de práticas adaptativas.
A própria Organização da Nações Unidas (ONU) Mulheres Brasil enfatiza a necessidade de integrar perspectivas de gênero em políticas climáticas. Dessa maneira, é possível promover a autonomia econômica das mulheres e melhorar a resiliência das comunidades.
- Participação diversa na tomada de decisões. Quando mulheres e homens participam igualmente em processos de tomada de decisão, as soluções climáticas tendem a ser mais inclusivas e eficazes. Por exemplo: elas frequentemente trazem perspectivas baseadas em experiências locais e comunitárias, o que enriquece o planejamento e a implementação de políticas climáticas.
- Gestão sustentável de recursos. Mulheres desempenham papéis fundamentais na gestão de recursos naturais, como água, energia e terras agrícolas, especialmente em comunidades rurais. Assim, capacitar as mulheres com educação e recursos melhora a sustentabilidade dessas práticas.
- Redução da vulnerabilidade. A igualdade de gênero permite que as mulheres tenham acesso igualitário a recursos como financiamento, tecnologia e capacitação. Isso fortalece a capacidade das famílias e comunidades de se adaptarem e superarem os impactos climáticos.
- Soluções inovadoras e comunitárias. Estudos mostram que mulheres muitas vezes lideram iniciativas baseadas na comunidade, como cooperativas agrícolas e programas de energia renovável, que promovem a resiliência climática e a sustentabilidade econômica.
A igualdade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas uma estratégia essencial para enfrentar os desafios climáticos de forma eficaz.
