
A criatividade é um fator importante para a expressão humana, seja na literatura, nas artes, assim como na música. Também é essencial para a inovação, principalmente no trabalho. Mas o surgimento da inteligência artificial (IA) generativa põe essa habilidade em questão: a ferramenta poderia ser mais inventiva do que nós?
Um estudo da Universidade de Exeter, na Inglaterra, demonstra que ela pode ser tão criativa em ideias para histórias quanto uma pessoa. No entanto, a tecnologia tende a criar histórias mais semelhantes entre si. Assim, apresentam uma criatividade menor para compor histórias bem diferentes umas das outras.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores pediram a 300 voluntários que escrevessem uma história curta com oito frases apenas. Então elas eram livres para redigir o que quisessem, contanto que atingissem um público-alvo de adolescentes e adultos jovens.
A equipe dividiu esses participantes em três grupos. O primeiro escreveria sem a ajuda da IA. O segundo deveria redigir a história a partir de uma única ideia gerada pela inteligência artificial. O terceiro, cinco ideias da IA.
Depois, 600 participantes avaliaram as histórias a partir de parâmetros alguns parâmetros: novidade, utilidade e várias características emocionais. Cada um leu seis histórias selecionadas aleatoriamente. Portanto, não saberiam quais tinham sido escritas com a ajuda da IA ou exclusivamente por um humano.
Resultados do estudo com IA
Histórias mais criativas e agradáveis. Com o uso da IA, as histórias foram avaliadas como mais criativas, bem escritas e agradáveis.
Ganhos em criatividade com mais acesso à IA. Escritores que tiveram maior acesso a ideias da IA apresentaram melhorias em criatividade, com pontuação maior em novidade ( 8,1%) e utilidade (9%).
Redução na diversidade coletiva. Os pesquisadores encontraram 10,7% mais semelhança entre histórias escritas por humanos que usaram uma ideia de IA, em comparação com as histórias daqueles que não a usaram.
A conclusão do estudo é que a IA pode melhorar a criatividade individual. Mas isso ocorre com certo custo para a diversidade criativa coletiva ao reduzir a variedade e a originalidade do conjunto de narrativas produzidas. “Embora esses resultados apontem para um aumento na criatividade individual, existe o risco de perder a novidade coletiva”, observou Anil Doshi, professor assistente da UCL School of Management.