A resiliência emocional é a habilidade que uma pessoa tem de voltar ao estado habitual de saúde (física e mental) depois de passar por uma experiência difícil. Isso é essencial para a superação de adversidades em diferentes fases da vida e, especialmente, na velhice, como afirma a psicóloga Arlete Portella Fontes, doutora em Gerontologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Idosos estão mais suscetíveis a riscos como morte de entes queridos, doenças e incapacidades, pobreza, abandono, conflitos familiares, tensão crônica no exercício dos papéis sociais, ansiedade e depressão. A resiliência emocional ajudaria, portanto, nessas eventualidades, a regular os sentimentos.
“Ou seja, vivenciar emoções negativas ou positivas de uma maneira plena, sem potencializá-las de um lado ou de outro e de trazê-las para um ponto de equilíbrio, quando muito alteradas”, explica.
Essa capacidade está intimamente relacionada à habilidade de atenção plena, desenvolvida na meditação. “Ela diz respeito a um estado mental em que se está completamente focado e consciente daquilo que se faz ou sente”, diz. “Não somos capazes de mudar nosso estado emocional sem antes reconhecer e nomearmos o que estamos sentindo.”
Mas não é preciso conhecer todas as técnicas psicológicas para atingir um grau de resiliência adequado. Assim, algumas atitudes, quando incorporadas ao dia a dia, conseguem, pouco a pouco, ajudar a enfrentar obstáculos na vida.
Confira algumas dicas para promover a resiliência emocional:
- Exercite sua capacidade de regular suas emoções ao experimentar emoções negativas como tristeza, raiva, medo. Por exemplo, experimente atenuar um momento de raiva ou incompreensão. Assim, preste atenção em sua respiração, deixando com que a emoção seja experimentada.
- Não fuja de seus sentimentos. Deixe que eles venham e passem. Conversar com quem o agrediu? Apenas quando os ânimos baixarem. A raiva dura apenas um momento. Contudo, a compreensão e o discernimento virão em breve.
- Desapegue-se da necessidade de controlar, pois nem tudo está em nossas mãos. Nunca esteve. Nunca estará.
- Faça exercícios meditativos com foco na respiração. Você pode fazê-los, inclusive, enquanto anda ou contempla uma paisagem. Fique atento à respiração e ao momento presente. Sinta o prazer de cada passo.
- Pratique o autoconhecimento. Então, analise: quais são seus desejos, necessidades, pontos a desenvolver e talentos?
- Cultive relações afetivas com pessoas próximas. As relações sociais e afetivas são condição essencial para envelhecer com qualidade.
- Desenvolva um olhar abrangente para cada situação perturbadora. O que está acontecendo, como, onde, com quem? Quais os ganhos que estou tendo com essa situação? Quais as perdas? Converse com alguém de sua confiança quando estiver em dificuldade.
- Reavalie a situação perturbadora que está vivendo. Assim, busque novos significados para ela. Por exemplo: uma doença pode ser vista como uma oportunidade de desenvolver paciência, tolerância, compaixão pelo outro, bem como disciplina para atender ao tratamento e gratidão pelos recursos que se tem.
- Procure utilizar estratégias adaptativas, como apoiar-se em crenças espirituais ou religiosas, esperar que os ânimos se acalmem antes de conversar sobre o problema, e procurar ajuda quando necessário.
- Envolva-se com atividades prazerosas: leitura, cinema, artes e contemplação. Conversar com amigos é sempre uma experiência enriquecedora também.
Lembre-se: as mudanças são partes inevitáveis da vida. Mas, caso esteja passando por dificuldades significativas e não esteja conseguindo controlar as emoções, não hesite em procurar um terapeuta ou psicólogo para orientá-lo e apoiá-lo nesse processo. Afinal, a saúde mental é um dos principais pilares de uma vida feliz,