Dados do Censo 2022 mostram que o percentual de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil chegou a 10,9% – uma alta recorde de 57,4% em comparação a 2010. Esse envelhecimento exigirá adaptações do mercado de trabalho. Pois, cada vez mais, a economia dependerá de uma participação ativa da parcela mais sênior da população.
“Essa mudança demográfica abre espaço para novas oportunidades em setores voltados para essa faixa etária”, afirma Mórris Litvak, CEO da Maturi, startup acelerada pela inovabra, do Bradesco, que promove a inclusão profissional de pessoas com mais de 50 anos. “Times intergeracionais, além de serem uma grande oportunidade de equipes diversas, são uma grande tendência.”
Combate ao etarismo
Mas, antes de colocar tudo isso em prática, o primeiro passo é combater o chamado etarismo, que é a discriminação por idade ou geração. “A desvalorização da experiência em detrimento da idade ainda é comum em muitos setores. Isso não só prejudica as pessoas mais velhas, como também as empresas que perdem um valioso capital humano e intelectual”, diz ele.
Essa rejeição não atinge apenas pessoas com mais de 60 anos, consideradas idosas pela lei. O CEO da Maturi alerta para o “limbo etário” vivenciado por quem tem mais de 50 anos. “Não são mais jovens nem idosos. Estão ativos e precisando trabalhar (ainda não estão aposentados). Mas não são vistos como uma força de trabalho potente no mundo corporativo”.
A boa notícia é que, nos últimos anos, diversas iniciativas estão sendo criadas para combater a discriminação por idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, produz relatórios anuais sobre o cenário do etarismo no mundo. Há propostas de estratégias eficazes para enfrentar o problema. Além disso, vários grupos se articulam nas redes sociais e dentro de instituições para promover a inclusão de todas as faixas etárias.
Também há, como a Maturi, organizações especializadas que fornecem treinamentos, cursos e eventos de networking voltados tanto para a empregabilidade quanto para o empreendedorismo de pessoas mais velhas. “Atuamos como uma ponte entre esse público e empresas que buscam diversidade etária em seus times, com divulgação de vagas, recrutamento e seleção, treinamento e consultoria para líderes e RH”, explica Litvak.