Inúmeras vezes nos deparamos com algum produto na vitrine de uma loja e instintivamente compramos sem avaliar a necessidade ou o custo daquilo. Só que por trás do ditado “mais vale um gosto que um vintém”, vem uma série de complicações financeiras. É preciso dar um basta nisso. As emoções por trás dos hábitos financeiros precisam ser superadas. E podemos começar pelo entendimento de como nosso comportamento emocional pode colocar em risco nosso bolso.
Emoções afetam as decisões financeiras
As emoções desempenham um papel fundamental nas decisões financeiras. Elas influenciam desde escolhas de investimentos até hábitos de consumo.
Por exemplo: o estresse, a angústia ou a tristeza pedem uma recompensa para aliviar esses tormentos. É aí que entra, muitas vezes, o consumo de bens materiais. Até mesmo o medo pode levar à hesitação na hora de investir. Consequentemente, conduz ao risco financeiro.
Aliás, é esse o argumento da economia comportamental. Essa ideia surgiu para se opor à noção da economia clássica, que pensava o gerenciamento do dinheiro de forma exclusivamente racional.
Richard Thaler, prêmio Nobel de economia em 2017, criou o conceito. Ele é o responsável por introduzir a psicologia no campo da economia. Assim, procura dar respostas aos comportamentos emocionais em relações monetárias.
Quais são os seus gatilhos emocionais?
“Seus hábitos financeiros revelam muito sobre você: suas esperanças, medos, sonhos e outras verdades pessoais profundas que você pode nem estar ciente”, explicou o contador Robert A. Belle em uma palestra do TED sobre o assunto.
Assim, é crucial refletir sobre nossos gatilhos comportamentais para desenvolver hábitos financeiros saudáveis. Ou seja: aprender a controlar nossas emoções ao lidar com o dinheiro. O primeiro passo é analisar as despesas.
“Isso me ajudou a entender que eu tenho um comportamento de, ao enfrentar dificuldades ou comemorar, eu exagero no chocolate”, contou Belle. Assim, ele percebeu que o problema estava relacionado à forma como ele encarava dietas. Então, em vez de gastar com bombons, passou a fazer atividades físicas.
Dicas de Robert A. Belle sobre hábitos financeiros:
- Dê uma olhada no seu extrato bancário dos últimos seis meses. Então, categorize as despesas por tipo. Dessa forma, você terá uma visão mais holística dos seus hábitos financeiros. Por exemplo: gastos com compras versus transporte versus entretenimento.
- Quando um padrão de gastos elevados surgir, veja o que ele diz sobre você. Seja curioso e inquisitivo. Isso pode não ser tão óbvio de cara. Mas perguntar a si mesmo o que o levou a fazer essa escolha em um determinado momento pode fornecer algumas pistas.
- Observe se há itens no extrato cujo valor ou volume o surpreende. O que isso diz sobre você? Comprou um smartphone pouco antes de um evento importante para que seus amigos notassem? Diz que só chama uber à noite, mas está pegando muito mais do que imaginava? Isso, de alguma forma, pode indicar problemas para equilibrar a vida pessoal com o trabalho.
Há muitos cursos de educação financeira para ajudar na tomada de decisões racionais. Além do mais, o diálogo aberto sobre dinheiro pode ajudar a identificar e combater padrões negativos de consumo. Só o fato de reconhecer essas influências já é meio passo andado para um futuro mais seguro.