A maior preocupação do nosso cérebro é nos manter vivos. Então quando as emoções, previsões que fazemos o tempo todo do ambiente ao nosso redor, sinalizam perigo, ele prepara o nosso corpo para um momento de risco. Isso, muitas vezes, nos coloca em um estado de medo e ansiedade.
“Quando alguém tem medo de avião e há uma turbulência, o coração dispara, ativa o seu pensamento de que o avião pode cair e desencadeia, por exemplo, um ataque de pânico”, diz o psiquiatra Celso Lopes de Souza, em palestra da série Eventos FB, da Fundação Bradesco. “A previsão de que o avião está caindo se confunde com a realidade e isso vai provocar diversos sentimentos.”
Alfabetização emocional
Em uma sociedade marcada por rápidas transformações tecnológicas e culturais, lidamos constantemente com novidades ou expectativas de mudança. Portanto, é natural sentirmos muitas emoções. O problema é que isso pode resultar em medo frequente. Segundo Souza, o primeiro passo para buscar o equilíbrio é nomear as emoções.
“Nosso cérebro está sempre pegando as informações, fazendo previsões e buscando associações. Pensamentos e emoções caminham juntos. A linguagem é mais que uma forma de comunicação”, afirmou o médico. “Se a gente não der nome para as emoções, nosso cérebro entende como uma coisa só. Não vamos conseguir identificá-las com precisão. Isso se chama alfabetização emocional.”
As nossas emoções têm sempre histórias e pensamentos. Contudo, nossos padrões de interpretação apresentam erros, provocando o que é conhecido como distorção cognitiva. Uma delas é a catastrofização. Segundo o psiquiatra, isso ocorre quando uma pessoa, por exemplo, sente dor de estômago e, no pensamento, já se pergunta se está com câncer. Outra distorção é a leitura da mente. Ocorre quando a pessoa tem certeza do que o outro está pensando.
“Se você tiver essa certeza, cuidado. Nós nunca vamos saber com clareza o que o outro realmente está pensando”, disse o psiquiatra. Ou seja: na nossa tentativa de prever situações, nos colocamos muitas vezes em estado de alerta desnecessariamente. Isso faz mal para o corpo e para mente – e, muitas vezes, até para os outros.
Regulação das emoções
Assim, Souza propõe um método para a regulação das emoções, o PARE – Perceba, Aceite, Reformule e Enfrente. Veja a seguir:
Perceba. Avalie se as emoções estão mais atrapalhando do que ajudando. Assim, identifique as emoções. Nós não somos as nossas emoções. Nós sentimos. E isso faz parte de estados transitórios.
Aceite. Tentar bloquear um sentimento amplifica a sua força. Então, assuma que está com ansiedade. Não precisamos ter medo das nossas emoções. Foque no agora por alguns instantes. A respiração é um referencial de tempo e ajuda a ter foco presente.
Reformule. Questione. Por que eu tenho medo de uma determinada coisa? Coloque as emoções no devido lugar. Enfrente. Se eu não estivesse ansioso, o que faria? Dessa maneira, deixar as coisas em perspectiva pode ajudar.
Enfrente. Não espere que a emoção vá desaparecer de uma hora para a outra. Pois a aprendizagem emocional aumenta progressivamente. Assim, o mais importante é entender que você pode aprender a lidar com essas emoções.
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