‘Efeito cashless’: gastamos mais sem dinheiro na mão

Não manipular notas ao efetuar pagamentos aumenta gastos

Redação FamiliarIdades
Efeito cashless: gastamos mais com cartões e pagamentos digitais. Foto: Getty Images.
Efeito cashless: gastamos mais com cartões e pagamentos digitais. Foto: Getty Images.

Ir às compras com dinheiro no bolso é um hábito do passado, já que contamos com cartões, Pix e QR Codes. Contudo, gastamos mais em transações assim, pois ficamos menos cautelosos em relação aos nossos gastos. É o chamado efeito cashless (efeito sem dinheiro, em tradução livre).

Esta é a conclusão de um estudo das universidades de Adelaide e Melbourne, na Austrália. O trabalho, do estudante de doutorado Lachlan Schomburgk e dos professores Arvid Hoffmann, da Universidade de Adelaide, e Alex Belli, da Universidade de Melbourne, investigou o impacto dos métodos de pagamento sem uso de dinheiro físico nos hábitos de consumo.

O fenômeno ‘efeito cashless

Ao analisar mais de 70 artigos de 17 países diferentes, incluindo dados de mais de 11 mil participantes únicos, a equipe concluiu que o ato de não manipular notas e moedas ao efetuar pagamentos aumenta o gasto dos consumidores em comparação com pagamentos com dinheiro.

O fenômeno prevalece em compras de itens de maior valor ou de luxo.  No entanto, esse efeito não foi observado ao doar ou dar gorjeta. “Contra nossas expectativas, descobrimos que os pagamentos sem dinheiro não levam necessariamente a maiores gorjetas ou doações, em comparação com o dinheiro”, diz Schomburgk. 

O estudo sugere que a percepção do ‘sofrimento’ ao gastar se atenua quando pagamos de forma digital. Com isso, aceitamos um aumento discreto, porém significativo nos gastos. Schomburgk explica que, “ao usar dinheiro, as pessoas contam fisicamente e entregam notas e moedas, tornando o ato de gastar mais saliente. Se nada for entregue fisicamente, é fácil perder a noção de quanto é gasto.” 

Entretanto, a pesquisa aponta que, à medida que os pagamentos por aproximação se tornam mais comuns, o impacto desse fenômeno tende a diminuir.

A compreensão de como os métodos de pagamento influenciam o comportamento de consumo pode ajudar as pessoas a fazer escolhas mais conscientes e evitar endividamentos. “Para evitar gastar mais do que o planejado, recomendamos que os consumidores carreguem dinheiro em vez de cartões sempre que puderem, pois funciona como um método de autocontrole”, diz Schomburgk.

Ele acredita que as empresas devem estar cientes de que, se não adotarem a revolução sem dinheiro, podem estar comprometendo involuntariamente seu potencial de receita. Apesar disso, elas também devem estar atentas sobre o possível endividamento dos consumidores, o que pode levar a opiniões negativas do estabelecimento.

Por outro lado, aceitar somente dinheiro afasta os clientes. Um meio termo pode ser mais viável, como aceitar débito.

Os resultados do estudo também revelaram que o ciclo de negócios impacta o efeito cashless, sendo mais forte em períodos de crescimento econômico.

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