
Basta abrir as redes sociais para se deparar com uma infinidade de vídeos que falam sobre o poder dos suplementos. A promessa da saúde em cápsula é tentadora. Mas elas realmente têm efeito comprovado?
A gastroenterologista Trisha Pasricha, da Harvard Medical School, disse, em artigo publicado pelo Estadão, que muitos suplementos são supervalorizados e precisam de evidências científicas mais robustas que indiquem a eficácia do uso.
Os multivitamínicos, por exemplo, são consumidos por um terço dos americanos, com a crença de que melhoram a saúde geral. No entanto, um estudo publicado no JAMA Network Open, em 2023, com quase 400 mil pessoas acompanhadas por 30 anos, não encontrou impacto na longevidade.
Suplementos específicos
Outros suplementos, como o psyllium, mostram bons resultados. Extraído da planta Plantago ovata, ele pode atuar na regulação do colesterol, glicemia e saúde intestinal. Já o colágeno, muito popular por supostos efeitos estéticos, segundo a médica, ainda requer mais estudos que avaliem sua eficácia.
A ashwagandha, planta medicinal conhecida como ginseng indiano, é famosa nas redes sociais e usada para dormir melhor e aliviar a ansiedade. Embora tenha efeitos sedativos leves, não trata causas complexas de insônia.
O ferro, por sua vez, deve ser suplementado com supervisão médica apenas em caso de deficiência comprovada, que pode causar fadiga. Um estudo do Annals of Internal Medicine indicou que um em cada quatro adultos com mais de 70 anos desenvolve anemia em cinco anos.
Outros suplementos famosos são os de verduras ou frutas em pó. Mas, além de caros, não oferecem transparência sobre a composição e não substituem o consumo de vegetais frescos.
A vitamina B12 só é eficaz para combater a fadiga em casos de deficiência. Já os probióticos, apesar de populares, têm pouco respaldo científico. A Associação Americana de Gastroenterologia não os recomenda amplamente.
“Minha recomendação? Siga uma dieta saudável. Vários estudos de grande porte comprovaram que o consumo de bons alimentos melhora a saúde, desde a reversão de doenças coronarianas até a redução do risco de câncer”, disse a médica.
Adote hábitos saudáveis e inclua frutas, verduras, legumes, carnes, carboidratos e fibras nas refeições. Consulte regularmente um médico para que a suplementação, se necessária, seja feita sob supervisão e acompanhamento. Muitas vezes, o uso inadequado de remédios pode causar interações e reações indesejadas. Por isso, uma avaliação profissional é fundamental.