Ciência explica vontade de comer doce após refeições

Alimentos açucarados estão associados ao prazer e recompensas

Redação FamiliarIdades
Você pode comer doce, sim, desde que mantenha equilíbrio na alimentação. Foto: Getty Images.
Você pode comer doce, sim, desde que mantenha equilíbrio na alimentação. Foto: Getty Images.

Por que sentimos vontade de comer doce mesmo quando estamos plenamente satisfeitos? A Ciência começa agora a identificar o que acontece no nosso corpo quando consumimos açúcar e as razões que levam à ingestão de açúcar mesmo após uma grande refeição. 

Uma pesquisa publicada na revista Science em 2023 revelou que o açúcar ativa neurônios produtores de β-endorfina, neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa. Esse sistema também interage com o gene MC4R, cuja mutação pode aumentar o apetite e a preferência por doces, sendo tema recorrente em estudos sobre obesidade e compulsão alimentar.

Conexão entre doce e cérebro

Em artigo publicado no Estadão, a nutricionista Desire Coelho, bacharel em Esporte e doutora e mestre em Ciências pela USP, cita alguns estudos que dão evidências da forte conexão entre apetite por doces e o cérebro. 

Um deles, realizado pela Universidade da Pensilvânia, analisou participantes de uma tradicional competição de tortas nos EUA e descobriu que, após uma semana sem doces, seus estômagos se expandiram entre 250 e 500 mililitros com a sobremesa. Em alguns casos, o órgão chegou a dilatar 1,6 litro, espaço suficiente para uma torta inteira.

Outro estudo, realizado na Duke University, destacou o papel das células neuropodais presentes no intestino. Elas funcionam como sensores que informam ao cérebro sobre os nutrientes ingeridos e conseguem distinguir açúcar de adoçante. Quando foram silenciadas em experimentos com ratos, os animais passaram a preferir adoçantes como se fossem açúcar verdadeiro, reforçando a complexa conexão intestino-cérebro.

Hoje não faz tanto sentido assim

Segundo Desire, do ponto de vista evolutivo, o impulso por alimentos doces, gordurosos e salgados fazia sentido: eram fontes calóricas eficientes em tempos de escassez. Hoje, com fartura alimentar, a escolha consciente é o melhor caminho.

Saber como nosso corpo e cérebro funcionam é o primeiro passo para equilibrar prazer e saúde. Comer doces pode, sim, ser parte de uma alimentação saudável, desde que com moderação, intencionalidade e autoconhecimento.

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