
Considerado uma das bebidas mais consumidas no mundo, o café depende de condições climáticas bastante específicas para seu desenvolvimento. Com o aumento das temperaturas, alterações no regime de chuvas e maior ocorrência de eventos extremos, os cafezais estão sob ameaça.
O café arábica, por exemplo, que representa cerca de 60% da produção mundial, é extremamente sensível às variações climáticas. Ele cresce melhor em altitudes elevadas, com temperaturas médias entre 18°C e 22°C.
Com o aquecimento global, essas condições ideais estão subindo para regiões mais altas. Assim, produtores precisam adaptar suas plantações ou buscar novas áreas de cultivo – muitas vezes com limitações ambientais e socioeconômicas.
Além do calor excessivo, a irregularidade das chuvas compromete o florescimento e a maturação dos grãos. A seca prolongada reduz a produtividade e a qualidade do café, enquanto chuvas intensas e fora de época podem causar doenças como a ferrugem do cafeeiro, que se espalha mais rapidamente em climas quentes e úmidos.
Dado que a queda na produção aumenta gradativamente frente às mudanças climáticas, nada melhor do que economizar pó de café sem alterar o sabor incomparável do cafezinho forte que os brasileiros tanto amam.
Preparando café de forma econômica
Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, ensinam a usar menos pó no preparo de café coado. Eles descobriram que derramar água de uma altura maior, ao manter um fluxo espesso e contínuo, melhora a mistura, resultando em um café mais forte com menos pó.
“O que recomendamos é tornar a altura de vazamento a mais alta possível, mantendo um fluxo laminar, onde o jato não se rompe quando encosta na borra de café”, disse o pesquisador Ernest Park.
O uso de chaleiras com bicos longos e estreitos (tipo pescoço de ganso) mostrou ser ideal. Afinal, elas criam jatos de água fortes e focados, que geram uma dinâmica de recirculação dos grãos e melhor extração de sabor.
Jatos finos que se fragmentam em gotículas devem ser evitados, já que reduzem a eficiência da mistura.
“Se você tem um jato fino, ele tende a se quebrar em gotículas”, disse a pesquisadora Margot Young. “Isso é o que você quer evitar nesses derramamentos, porque isso significa que o jato não pode misturar a borra de café de forma eficaz.”
Experimento fundamenta a prática
Os testes dos pesquisadores foram cuidadosamente projetados para entender como o fluxo de água afeta a dinâmica de mistura entre a água e o pó de café no método de coar.
- Uso de equipamento especializado. Os pesquisadores utilizaram chaleiras com bico longo e estreito (pescoço de ganso) para garantir jatos de água espessos e focados, essenciais para criar o fluxo laminar. Isso permite que a água penetre profundamente no leito de café, criando uma recirculação dos grãos e melhorando o sabor.
- Avaliação da interação física. Para observar como o jato de água interage com os grãos de café, os cientistas também realizaram experimentos com partículas transparentes iluminadas por laser em um funil de vidro. Isso permitiu visualizar as dinâmicas de mistura, algo difícil de observar diretamente devido à cor escura do café.
- Análise dos jatos de água. Eles testaram a eficiência dos jatos de água de diferentes espessuras. Descobriram que jatos muito finos tendem a se fragmentar em gotículas, o que reduz a eficiência da mistura e resulta em um café menos forte. Por essa razão, recomendam jatos espessos e contínuos.
Embora o estudo não planeje expandir os testes sobre café, os pesquisadores acreditam que há outras variáveis, como o tamanho dos grãos moídos, que podem ser exploradas para entender melhor a relação entre física e química no preparo.
“Podemos realmente aprender algo do ponto de vista da química e da física olhando para a cozinha”, disse o pesquisador Arnold Mathijssen. “Isso leva a uma nova ciência.”