Quem fala mais: o homem ou a mulher?

Estudo tenta desvendar estereótipo comum na sociedade

Redação FamiliarIdades
O contexto e o objetivo da fala podem variar conforme o gênero. Foto: Getty Images.
O contexto e o objetivo da fala podem variar conforme o gênero. Foto: Getty Images.

A ideia de que a mulher fala mais do que o homem é um dos estereótipos mais comuns em diversas sociedades. Mas será que isso é verdade? Pesquisas sobre comunicação e linguagem mostram que a resposta não é tão simples assim.

Um estudo da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, em 2007, afirmou que ambos os sexos pronunciam cerca de 16 mil palavras diariamente. Além disso, os pesquisadores relataram que, apesar do mesmo número de palavras faladas por ambos os gêneros, o contexto e o objetivo da fala podem variar.

Contudo, a maioria dos participantes desse estudo tinha idade universitária e morava na mesma cidade. Esse fato levantou muitas dúvidas e críticas.  

Pesquisa mais abrangente 

A Universidade do Arizona, também nos EUA, realizou um estudo mais abrangente. Desta vez, envolvendo indivíduos de várias faixas etárias (entre dez a 94 anos), em quatro países diferentes, e com um número quatro vezes maior de participantes. 

Esse trabalho apresentou diferenças significativas em relação ao anterior ao sinalizar que mulheres entre 25 e 65 anos falam, em média, 3 mil palavras a mais por dia do que homens nessas faixas etárias. Isso pode estar relacionado ao papel predominante das mulheres na criação de filhos durante esse período da vida. 

“As diferenças ligadas ao gênero na criação dos filhos e nos cuidados familiares são uma possibilidade que pode explicar essa diferença”, disse o psicólogo Matthias Mehl, autor sênior do estudo e professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Arizona.

Ele também argumenta que, “se fatores biológicos, como hormônios, fossem a principal causa, uma diferença considerável entre gêneros também deveria ocorrer nos adultos. Se as mudanças geracionais da sociedade fossem a força-motriz, deveria ter havido uma diferença de gênero gradualmente crescente com os participantes mais velhos. Nenhum dos dois, porém, foi o caso.”

Curiosamente, fora dessa faixa etária, que compreende adolescentes (dez a 17 anos), jovens adultos (18 a 24 anos) ou idosos (65 anos ou mais), não houve diferenças significativas de gênero. 

Falamos menos a cada dia

Além disso, o estudo revelou que, em geral, as pessoas estão falando menos com o tempo, possivelmente devido ao aumento da comunicação digital.

Os dados para o estudo foram coletados entre os anos de 2005 e 2018. Segundo relatam os pesquisadores, nesse período, o número médio de palavras faladas por dia caiu de cerca de 16 mil para cerca de 13 mil.

“Fizemos uma análise completa analisando em que ano os dados foram coletados e descobrimos que, de fato, 300 palavras faladas em média por ano desaparecem”, disse a coautora do estudo Valéria Pfeifer, pesquisadora de pós-doutorado em Psicologia.

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